Links de Acesso

Reunião dos Ministros da Defesa da NATO


O secretario norte-americano da Defesa, Robert Gates, participa hoje na Lituânia numa reunião dos ministros da Defesa da NATO, dias depois de comentários feitos e cartas que escreveu terem causado respostas iradas de alguns aliados.

O secretario Gates tem sido uma figura popular na NATO – um elemento da administração Bush bem apresentavel, incluso, não sobrecarregado por decisões do passado que foram impopulares na Europa, particularmente a decisão de invadir o Iraque.

Mas em Janeiro afirmou ao jornal “Los Angeles Times” que estava “preocupado” pelo facto da NATO estar a enviar alguns conselheiros militares e forças combatentes para o Afeganistão que, nas suas palavras, “não estão propriamente treinadas e que não sabem como se fazem operações de contra - sublevação”.

Depois disso, na semana passada, funcionários alemães passaram informação de uma carta que Gates tinha escrito onde pedia ao governo da Alemanha para enviar mais tropas para o Afeganistão e transferir o contingente actual da relativamente pacifica parte norte do país para o sul assolado pela guerra. A Alemanha rejeitou a proposta.

Julianne Smith, directora do Programa Europa no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais vê a situação do seguinte modo.

“A corrente da maré está a virar-se um pouco. Presentemente, os europeus estão algo preocupados porque o secretario Gates tem sido bastante agressivo nos seus pedidos para mais tropas ou mais assistência no Afeganistão.”

Julianne Smith acrescentou que as tensões estão a aumentar sobre a questão do Afeganistão e que é provável que dentro de dias ou semanas iremos assistir a um confronto entre Gates e alguns países europeus, não apenas a Alemanha, que optaram por não fazer mais no Afeganistão como pediu.

O confronto começou na terça-feira quando o acessor de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell, teve palavras duras para os países da NATO por não estarem a fazer o que os Estados Unidos pensam que deveriam no Afeganistão.

“Penso que há um entendimento entre muitos dos países que contribuíram com tropas para o Afeganistão, de que existe um perigo real de uma aliança de dois tipos – países que combatem e aqueles que não. E irão ouvir o secretario Gates falar em Vilnius e certamente em Munique, sobre a necessidade de se criar uma aliança colectiva para confrontar o que é uma ameaça não apenas nos Estados Unidos, mas também na Europa”.

Gates discursa domingo em Munique na conferencia anual de segurança europeia.

O secretario Gates tentou abrandar o teor dos seus comentários ao “Los Angeles Times”, elogiando alguns aliados da NATO, mas continuou a criticar outros membros da aliança e afirmou no Senado que vai continuar a sua campanha na Lituânia para o envio de mais tropas para o Afeganistão.

“Parto hoje para Vilnius para reunião dos ministros da Defesa da NATO onde irei abordar o assunto de mais tropas. Penso que isso é importante. Há aliados que estão a fazer a sua parte e estão a fazer bem. Os canadianos, os britânicos, os australianos, os holandeses, os dinamarqueses estão na linha da frente, mas há uma série de outros países que não estão.”

O secretario Gates afirmou também que os Taliban tem sofrido o que chamou de “repetidas e consistentes” derrotas. Mas analistas dizem que não é suficiente. Notam que, como no Iraque, o Afeganistão precisa não apenas de forças suficientes para manter a ordem, uma vez que os rebeldes sejam eliminados de uma área, mas também de ajuda civil bastante para a governação, reconstrução e desenvolvimento económico para criar uma estabilidade a longo prazo.

O comandante das forças da NATO no Afeganistão, o general norte-americano Dan McNeill, disse esperar que sejam feitos alguns empenhamentos de mais tropas na reunião de Vilnius, mas não todas aquelas que precisa.

Na semana passada, duas análises independentes publicadas nos Estados Unidos criticavam o esforço dos aliados no Afeganistão. Uma delas, da autoria do antigo comandante da NATO, general James Jones, afirma que a NATO “não está a ganhar” no Afeganistão e que se encontra num “impasse estratégico”.

XS
SM
MD
LG