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Kibaki Reconhecido pela União Africana


A União Africana reconheceu o presidente Mwai Kibaki como o único e legítimo representante do Quénia à cimeira dos líderes daquela organização que tem lugar quinta feira, em Adis Abeba. Aquela organização continental rejeitou, por conseguinte, um pedido para que a oposição queniana fosse dispensada do mesmo tratamento.

A presença de Mwai Kibaki na cimeira foi confirmada, em Adis Abeba, pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros queniano, .

Cerca de 45 líderes africanos, a par de vários outros dignatários internacionais, nomeadamente o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, deverão participar na reunião, a ter lugar na capital etíope.

Wetangula disse aos jornalistas que a União Africana tinha reconhecido a delegação do presidente Mwai Kibaki, o direito legítimo de representar o Quénia na reunião, rejeitando assim uma exigência feita pelo Movimento Democrático Laranja, a oposição queniana, no sentido de um tratamento equitativo ser dado a ambas as delegações. Disse Wetangula: “A União Africana não tinha argumentos para não reconhecer o governo do presidente Mwai Kibaki. E, como podem ver, estou aqui na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros do Quénia, representando o governo do presidente Mwai Kibaki e do povo queniano”.

Moses Wetangula revelou ainda que o presidente da comissão da União Africana, o ex-presidente do Mali, Alpha Omar Konare, recusou-se igualmente a receber em audiência os líderes do Movimento Democrático Laranja: “Tive hoje uma reunião com o presidente da comissão da União Africana, Omar Konare, e ele disse-me pessoalmente que a oposição lhe tinha solicitado uma audiência, a qual tinha rejeitado. A União Africana não pode aceitar a presença de uma oposição agitadora que envene o ambiente”.

O secretário do Movimento Democrático Laranja, Peter Anyang Nyongo, confirmou a recusa de Konare a audiência solicitada pelo seu partido.

Nyongo disse, entretanto, que, ao aceitar a presença de Kibaki e negando o mesmo privilégio à oposição, a União Africana posicionou-se necessariamente do lado de uma das partes envolvidas na disputa pós-eleitoral no Quénia:

“Nós dissemo-lhes que existe um mediação em curso e que a questão da mediação é precisamente a legitimidade da administração de Kibaki, pelo que a Mwai Kibaki não deveria ser autorizado a discursar na cimeira dos líderes da União Africana, se o mesmo direito fosse negado ao Movimento Democrático Laranja. Mas, todos nós sabemos que a União Africana, apesar dos seus princípios é como a paz de Deus, é algo transcendente”.

Anyang Nyongo garantiu ainda estar fora de questão qualquer eventual presença do líder da oposição , Raila Odinga, na cimeira, isto a menos que seja oficialmente convidado.

Os tumultos pós-eleitoral no Quénia têm sido tópico de destaque nas reuniões preparatórias da cimeira, sobrepondo-se inclusivamente a outros conflitos no continente, nomeadamente o de Darfur e da Somália, assuntos igualmente na agenda da reunião, que terá por tema a industrialização de África.

Prevê-se que, nos trabalhos de hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros queniano, Moses Wetangula, exponha aos seus homólogos africanos a situação no seu país, onde mais de oitecentas pessoas foram mortas pela violência que se seguiu ao anúncio dos resultados das eleições, que muitos observadores internacionais consideraram de fraudulentas.

Recorde-se que, na sua intervenção na abertura dos trabalhos preparatórios da cimeira, o presidente da comissão da União Africana, Alpha Omar Konare, alertou os dirigentes continentais para a possibilidade de um genocídio do Quénia.

Wetangula não encara, todavia, a violência étnica assumiu no Quénia como mais um caso de genocídio no continente , apesar de reconhecer que, em alguns cenários de violência, nomeadamente as matanças do último domingo na cidade de Naivasha, que resultou na morte de 19 pessoas, foram evidentes os indícios de limpeza étnica.

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