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Cidadão Americano Preso Há Mais de Um Ano em Jijiga


Funcionários etíopes informaram que um cidadão americano de origem somali se encontra preso como inimigo combatente na rebelde região etíope de Ogaden. A informação vai ao encontro de anúncios anteriores do governo de Adis Abeba de que muitos ocidentais foram detidos por serem considerados combatentes.

Abdi Mohamed Omar, o chefe da segurança na região somali da Etiópia, vulgarmente conhecida por Ogaden, disse que um cidadão americano se encontra preso há mais de um ano em Jijiga, a capital da região. Omar identificou o suspeito como sendo Mohamed Farah Hassan, um étnico somali nascido na localidade de Kebridehar, 350 quilómetros a sudeste de Jijiga.

Na passada sexta-feira, o presidente da região de Ogaden, Abdullahi Hassan, disse a um grupo de jornalistas de visita a região, que “muitos” possuidores de passaportes americanos e europeus foram detidos como inimigos combatentes. Mas quando pressionado para fornecer pormenores, o chefe da segurança Omar afirmou que Mohamed Farah Hassan não sabe mais do que isso.

Falando a Voz da América através de um tradutor, Abdi Omar descreveu o detido como o “cérebro” terrorista da rebelde Frente de Libertação Nacional do Ogaden (FLNO), que luta pela independência daquela região etíope maioritariamente muçulmana. A Etiópia é um país predominantemente cristão, da variante copta.

“Trata-se de um indivíduo conhecido por Mohammed Farah Hassan, originalmente de Ogaden, nascido em Kebridehar, que deixou a Somália, apresentou-se como refugiado somali, mentiu para que pudesse naturalizar-se americano. Foi um dos executivos principais da FLNO. Quando aqui chegou, ficamos de olho nele. Ele estava deliberadamente a preparar uma serie de atentados. Foi por isso que o detivemos”.

Abdi disse que o suspeito não foi contactado por funcionários consulares americanos, mas que lhe foi fornecido um advogado e que vai ser julgado por acusações de terrorismo.

Darragh Paradiso, porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos em Adis Abeba, disse que diplomatas tiveram conhecimento de que americanos foram detidos, e que estão a acompanhar o assunto.

O conflito na região de Ogaden chamou a atenção da imprensa internacional em Abril passado, quando combatentes da FNLO atacaram uma exploração petrolífera chinesa a leste de Jijiga. Mais de 70 pessoas foram mortas no ataque.

O governo etíope e a FNLO acusam-se mutuamente de graves abusos de direitos humanos. Jornalistas de visita a região encontraram uma população traumatizada apanhada entre forças rebeldes e tropas governamentais efectuando uma brutal campanha de contra-guerrilha.

Abdi Mohammed Omar disse a VOA que os rebeldes mataram 200 civis nos últimos dois meses. Jornalistas ouviram também varias noticias credíveis de jovens arrebanhados por forças de segurança e os seus corpos entregues no dia seguinte as suas famílias.

Agencias de ajuda internacionais tem monitorizado noticias de uma crescente crise humanitária em Ogaden. O chefe da ajuda de emergência das Nações Unidas, John Holmes, afirmou apos uma visita em Novembro de que a luta armada criou condições humanitárias “potencialmente sérias”. Funcionários etíopes admitem que preocupações de segurança têm adiado o envio de alimentos para áreas remotas, mas afirmam não haver crise.

Num comunicado enviado na passada sexta-feira a agencias noticiosas, os rebeldes acusam as Nações Unidas e agencias internacionais de autorizarem os etíopes a manipularem a ajuda internacional para obterem os seus objectivos. O comunicado afirma que a Etiópia esta a armazenar alimentos em bases militares e a usá-los para comprar a lealdade das populações locais. Funcionários regionais classificaram as acusações da FNLO de “ridículas” e acusaram varias agencias internacionais de fornecerem assistência aos rebeldes.

No mês passado, a Etiópia expulsou um australiano e um britânico que trabalhavam para a organização de caridade “Save de Children U.K. Varias organizações de ajuda, incluindo a Cruz Vermelha Internacional e os Médicos sem Fronteiras, foram expulsas de Ogaden em Julho do ano passado, depois da Etiópia os terem acusado de fornecerem meios de comunicação e transporte aos rebeldes. As agencias negaram enérgicamente as alegações”.

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