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EUA Reforçam Sanções Contra o Sudão


A administração americana anunciou a aplicação de novas sanções contra o Sudão, na sequência da contínua resistência das autoridades de Cartum à presença de uma força de paz híbrida, Nações Unidas - União Africana na região de Darfur.

De acordo com funcionários governamentais, as sanções ontem anunciadas pelo presidente George Bush poderiam ter sido decretadas há seis semanas atrás mas, entretanto, a pedido do secretário-geral das Nações Unidas, teriam sido adiadas para que mais tempo fosse dada a diplomacia.

Em declarações aos jornalistas, o Subsecretário de Estado americano, John Negroponte, realçou que, contrariamente ao perspectivado , as oportunidades dadas pelo secretário-geral da ONU, o governo sudanês acabou por responder com mais violência em Darfur: “ O governo sudanês mostrou o que fez com o muito tempo que lhe foi dado. O último relatório das Nações Unidas, datada de 3 de Maio, revela. por exemplo, que o governo do Sudão usou aviões bombardeiros “Antonov” para atacar a aldeia de Al Hash. Este credível relatório e muitos outros acabaram por demonstrar que dar a Cartum mais tempo, não foi necessariamente a resposta adequada para a situação.”- frisou Negroponte.

As novas sanções impostas pelos Estados Unidos, têm por alvo dois funcionários governamentais sudaneses, o líder rebelde em Darfur, trinta firmas controladas pelo governo de Cartum, para além de uma companhia que teria violado o embargo de armas decretado pela ONU e para Darfur .

Entre as trinta firmas visadas pelo embargo, cinco operam na área petrolífera no Sudão, um sector em franco crescimento.

O director do departamento de controlo dos bens estrangeiros, do Departamento de Tesouro americano, Adam Szubin, reconhece, todavia, não estar ainda bem definido, em termos quantitativos, os montantes das companhias visadas que se encontram em bancos nos Estados Unidos e que serão alvo da medida sancionatória.

Mas, para Szubin, dado o importante papel que os Estados Unidos têm na indústria petrolífera e do gaz a nível mundial, ao se congelar o acesso dessa firmas as instituições financeiras americanas, a medida não deixará de ter um severo impacto nas suas operações.

“ O impacto não deve apenas ser encarado em termos do que poderá estar hoje nos Estados Unidos ou do que está depositado em contas bancárias, mas também nas transações futuras. Atendendo o facto do sistema financeiro americano ser obviamente fulcral do sistema financeiro internacional, tanto em termos comerciais como em termos de transferências financeiras, as firmas visadas passam a estar desconectadas do sistema financeiro dos Estados Unidos, o que constitui um forte revés para as suas operações” - conclui Szubin.

Apesar de ter concordado em termos de intenções, com a presença de uma força de “capacetes azuis” em Darfur, durante a conferência de Adis Abeba, de Novembro do ano passado, funcionários americanos alegam que, desde então, o governo sudanês limitou-se a recorrer a tácticas dilatórias ou mesmo ao bloqueio de uma eventual presença de uma forca híbrida Nações Unidas- União Africana naquela conturbada região.

A nova missão conjunta criada para substituir o actual contingente militar de sete mil soldados da União Africana, que se encontra em Darfur desde 2004, mas que, entretanto, se tem manifestado incapaz de conter a violência naquela vasta região sudanesa, passaria a contar com 23 mil capacetes azuis sob mandado conjunto das Nações Unidas e da União Africana.

Para o enviado especial dos Estados Unidos para o Sudão, Andrew Natsios, ao contrariar as duas fases preparatórias da logística da operação, o Sudão acabou por bloquear o esforço de recrutamento da ONU

Perante a resistência de Cartum, salienta ainda Natsios, vários governos mundiais acabaram por se manifestar relutantes em integrarem essa forca híbrida: “ Nenhum país iria concordar com algo que dissesse respeito à terceira frase do plano, sem um consentimento prévio por parte do Sudão, de que as suas forcas seria franqueada a entrada Darfur. Assim que isso acontecesse, assim que o governo sudanês concordasse com o previsto pela terceira fase do plano operacional Nacoes Unidas-União Africana, o secretário-geral lançaria então um apelo às nações mundiais, no sentido destas contribuírem com tropas para a chamada forca híbrida.”

Andrew Natsios salientou ainda que o presidente George Bush e a Secretária de Estado Condoleeza Rice tinham já envidado um conjunto de esforços no sentido de convencer vários países a contribuírem com tropas para a missão internacional para Darfur.

De entre esses países, sabe-se que o Paquistão, a Nigéria, o Egipto, a Noruega e a Suécia estariam já disponíveis para integrar a segunda parte do plano, que prevê o estacionamento de cerca de três mil capacetes azuis, nomeadamente de tropas de combate, de engenharia e outras forças de logística para aquela região sudanesa.

Ainda de acordo com aquele enviado especial de Washington para o Sudão, vários outros países, incluindo o Rwanda estariam formalmente interessados a integrar a terceira fase do plano.

No que tange a participação das forças dos Estados Unidos na missão de manutenção da paz em Darfur, Andrew Natsios entende, todavia, que isso seria, à partida, desaconselhável, devido à conhecida resistência do presidente do Sudão, Omar al Nashir, a presença de tropas dos países ocidentais naquela conturbada região sudanesa.

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