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Activistas Nigerianos Contra Novo Presidente


Activistas nigerianos participaram uma manifestação de protesto, ficando em casa, por ocasião da cerimónia de posse, esta terça-feira, de Umaru Yar´Adua no cargo de presidente, na sequência de eleições que foram vistas por muitos observadores como tendo tido muitas irregularidades.

O director da organização Action Aid para a Nigéria, Otive Igbuzor, não foi para o seu local de trabalho e não mandou para a escola as suas duas filhas: ”Esta é a nossa forma de expressarmos o nosso desagrado pelas eleições irregulares que tiveram lugar na Nigéria de 14 a 21 de Abril.”

Actos de violência, votantes com idade inferior à regulamentar, falta de materiais em algumas áreas e ausência de transparência na divulgação dos resultados ensombraram as eleições legislativas, para governadores estaduais e para a presidência.

Igbuzor vê uma tendência preocupante desde o fim do regime militar em 1999: “ Estamos preocupados porque, em 1999, houve problemas, mas foi possível gerir a situação. Em 2003, houve massivas irregularidades e nós comunicámo-las durante a observação que fizemos das eleições, mas pensámos que para o benefício da consolidação da democracia essas eleições deveriam ser aceites. Mas, vimos em 2007 que vamos de mal para pior. E temos que realçar que não podemos ter processos eleitorais cada vez piores. Deveríamos estar a melhorar e não o contrário.”

O presidente cessante, Olusegun Obasanjo, disse que a Nigéria fez o melhor que pode fazer, dados os desafios levantados por um vasto país em desenvolvimento.

O próximo presidente, do partido no poder, Umaru Yar´Adua, prometeu reformas eleitorais. Observadores eleitorais de organizações africanas, de grupos nigerianos, dos EUA e da Europa disseram que a votação foi profundamente irregular e que não é credível.

Membros dos sindicatos apelaram para manifestações de protesto previstas para hoje, mas apelos similares feitos nas últimas semanas não se materializaram.

Na segunda-feira, muitos bancos e escritórios estiveram fechados na principal cidade, Lagos. Muitos nigerianos ficaram também em casa porque acreditaram que um período de feriados de dois dias começava na segunda-feira.

Igbuzor diz que não é fácil manifestar-se contra o governo na Nigéria:“A liberdade de manifestação está a ser limitada pelo governo e pela polícia. E a liberdade não é dada ao povo. Combate-se pela liberdade e é assim que se a conquista. O povo nigeriano sabe claramente que tem liberdade para protestar. É por isso que ficámos em casa, como forma de protesto.”

Os principais líderes da oposição reuniram-se para contestar os resultados das eleições através dos tribunais, tanto a nível local como nacional.

Mas, alguns dos advogados afirmam que os seus casos serão difíceis de vencer, uma vez que, em muitas zonas as eleições realizaram-se e os resultados específicos nunca foram divulgados por essas assembleias de voto.

Um dos candidatos presidenciais que perdeu na corrida foi Atiku Abubakar, o vice-presidente de Obasanjo. Diz ele que não vai participar na cerimónia de posse de como forma de protesto.

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