O Conselho de Segurança das Nações Unidas exortou através de uma resolução, Marrocos e o grupo separatista, Frente Polisário a encetarem conversações directas versando o estatuto futuro do disputado território do Sahara Ocidental.
A resolução adoptada de forma unanime por aquela instancia das Nações Unidas, foi patrocinada pelas principais superpotências mundiais, membros permanentes daquele órgão, a saber-se a França, a Grã Bretanha, a Rússia e os Estados Unidos, para alem da antiga potência colonizadora do território, a Espanha.
A resolução apela e sob a supervisão do secretario geral da ONU, Ban Ki Moon, ao inicio imediato de conversações directas entre as autoridades marroquinas e a liderança da Frente Polisário.
A resolução do Conselho de Segurança da ONU reconhece por outro lado o plano marroquino que contempla a realização de um referendo no Sahara Ocidental, plano esse tornado publico a 11 de Abril ultimo.
Os quinze membros daquele órgão da ONU consideraram também o plano rival, apresentado pela Frente Polisário, que prevê também um referendo, mas com particularidade de contemplar a opção pela independência do território.
Para Peter Van Walsum, o enviado especial da ONU, para o Sahara Ocidental as duas propostas são à partida irreconciliáveis.
Walsum manifestou-se, entretanto encorajado com o facto das duas partes terem chegado à conclusão da necessidade de realização de conversações directas.
Reacção similar teve o embaixador dos Estados Unidos junto da ONU, Zalmay Khalilzad que salientou o facto das dificuldades enfrentadas no longo processo terem agora culminado com as duas partes a enveredarem pela via do dialogo.
Para Khalilzad o objectivo “agora passa pelo inicio das negociações sem pré-condições e sob a supervisão das Nações Unidas”.
O embaixador de Marrocos na ONU, El Mostafa Sahel saudou a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que considerou de uma espécie de aval dado por aquele órgão da ONU, a proposta de referendo avançado pelo governo de Rabat.
“Os esforços marroquinos são descritos como sérios e credíveis. O Conselho de Segurança reconhece a relevância da iniciativa marroquina. Formalmente consolidada, com o vasto apoio internacional, acaba por ser uma expressão a favor da iniciativa autonômica proposta por Marrocos. E como tal, o Conselho de Segurança aprovou a ideia da iniciativa marroquina ser agora alvo de negociações políticas”.- conclui o diplomata magrebino.
Já o representante da Frente Polisário junto da ONU, Ahmed Bujari foi mais comedido na reacção a votação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Bujari manifestou-se satisfeito com o facto daquele órgão da ONU, ter abordado de forma aberta a sensível questão do Sahara Ocidental, mas rejeitou categoricamente a oferta marroquina de realização de um referendo, sem que o mesmo contemple a independência do território como opção.
Para aquele representante dos independentistas saaruis, “a proposta de autonomia apresentada por Marrocos e apenas boa para algumas das províncias marroquinas. O Sahara Ocidental não é uma província de Marrocos, mas sim um território estrangeiro sob ocupação colonial. E, por conseguinte não existe outra saída, senão a organização de um referendo, livre, justo e transparente sobre a autodeterminação”.
Recorde-se que Marrocos anexou nos anos setenta o Sahara Ocidental, logo após a Espanha, antiga potência colonial ter abandonado aquele território. A anexação marroquina acabou por gerar uma guerra na região, com a Argélia a apoiar a causa dos saaruis.
Entretanto, um cessar fogo mediado pelas Nações Unidas e que previa a realização de um referendo para determinar o estatuto futuro do território, foi alcançado em 1991 e desde então, a realização do referendo aguarda por uma oportunidade.