Apesar do soar dos sinos e de cânticos religiosos que induzem um clima de tranquilidade, a maior parte dos timorenses que ontem assistiram os serviços religiosos do Domingo da Páscoa, fizeram-no num clima de incerteza e de receios para com as eleições presidenciais de hoje.
Ladeado pela família, Salvador Monij esteve na missa pascal, na principal catedral em Dili, localizada a escassos metros de um campo de refugiados e que desde a rebelião militar, seguida da onda de violência sectária de ha um ano atras na capital, alberga aquele e milhares de outros timorenses.
Para Salvador Monij o futuro do país depende do sucesso destas eleições. E tal como ele, muitos outros timorenses acreditam que das eleições de hoje, dependera a paz e a estabilidade desejada, apesar de sobre o pleito eleitoral de hoje pairar uma clima de incerteza e de receios a violência.
Mas diga-se que ate ao momento, os preparativos para a votação tem decorrido de forma pacifica apesar de vários incidentes opondo partidários dos distintos grupos políticos e candidaturas presidenciais rivais.
São ao todo oito os candidatos na corrida para a presidência timorense. Mas os analistas acreditam que apenas três deles tem a chance de virem a ser os eleitos.
Entre os candidatos, conta-se o actual primeiro ministro e prémio Nobel da paz, José Ramos Horta, Francisco Lu Olo Guterres ex. comandante da guerrilha e actual líder da principal forca política do pais, a Fretilin e o candidato pelo partido democrático, Fernando Lasana de Araújo.
O vencedor da primeira volta terá que obter mais de 50 por cento dos votos expressos nas urnas, caso contrario haverá uma segunda volta a ter lugar no prazo de trinta dias, logo após a divulgação dos resultados eleitorais.
Mais de 200 observadores internacionais e dois mil nacionais vão acompanhar de perto as votações de hoje. Cerca de três mil soldados de uma forca internacional de manutenção da paz, estão igualmente no terreno para ajudarem na manutenção da ordem e a evitar que a violência faca descarrilar o processo eleitoral.
O ex. líder da guerrilha e actual presidente Xanana Gusmão acredita para já que o acto decorra de forma pacifica e ordeira.
“A presença de observadores eleitorais de varias partes do mundo incentive-nos a que façamos bem as coisas. E espero também que as suas recomendações venham a ser recebidas de espirito aberto e tidas como referencia para as próximas eleições.”- frisou aquele líder histórico timorense.
Próximas eleições, serão para já as legislativas agendadas para os próximos meses. Diga-se eleições a que o cessante presidente Xanana Gusmão tenciona concorrer, como candidato a futuro chefe de governo timorense.
Recorde-se que Timor Leste votou em 1999 e num referendo nacional a favor da sua separação da Indonésia, após 24 anos de uma brutal e opressiva ocupação.
O desejo dos timorenses de criação de um estado independente, facto expresso nas urnas durante o referendo, acabou por despoletar uma onda de violência, em parte instigada pelos militares da potência ocupante do território, a Indonésia devastando por completo o país.
O território foi administrado pelas Nações Unidas ate a sua independência total em 2002 e uma força de manutenção da paz da Austrália, regressou ao país no ano passado para ajudar a conter a onda de violência sectária.