No Senegal, o Tribunal Constitucional e Eleitoral validou os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, que ditaram a vitória do actual presidente Abdoulaye Wade, deitando, assim, por terra as alegações de irregularidades apresentadas por duas das candidaturas adversárias perante aquele órgão judicial.
O Tribunal Constitucional confirmou a vitória da candidatura de Abdoulaye Wade, na primeira volta, com cerca de 56 por cento dos votos expressos nas urnas.
Aquele órgão judicial rejeitou os apelos dos líderes da oposição, incluindo os do candidato pelo Partido Socialista, Ousmane Tanor Dieng, cuja popularidade entre os eleitores senegaleses, não lhe permitiu ir para além de uma terceira posição, em termos de candidaturas mais votadas.
Tanor Dieng, recorde-se, alegara casos de votações múltiplas, uso impróprio de cartões de eleitor e casos de refugiados originários dos países vizinhos, que teriam votado nas eleições presidenciais senegalesas.
Mas, de acordo com o porta voz do partido socialista, Mamadou Barry, o Supremo Tribunal, tem ,historicamente, estado sempre do lado do presidente: “Temos a tradição do tribunal posicionar-se sempre do lado do presidente. Vimos isso já várias vezes. Nós só queríamos agir na legalidade e apurar qual seria a reacção do tribunal... Não estamos surpreendidos. Mas, sim, decepcionados”.
As equipas de observadores internacionais, que acompanharam a recente votação no Senegal, manifestaram-se, regra geral, satisfeitos com a forma como as eleições decorreram.
Admitiram o registo de irregularidades, mas não suficientemente sérias para afectar a votação e os resultados globais.
Mas, para o porta-voz do Partido Socialista, Mamadou Barry, apesar da contenda eleitoral ter terminado no que tange a batalha política, a procissão vai ainda no adro. Diz ele: “A batalha no Tribunal Constitucional terminou mas a batalha política ainda não. Vamos ter ainda eleições parlamentares, portanto, vamo-nos bater para conseguir a maioria dos assentos no parlamento”.
Recorde-se que o Partido Socialista, o mesmo de Leopoldo Sedar Senghor e de Abdou Diouf, governou o Senegal durante várias décadas, antes de Abdoulaye Wade subir ao poder.
Para o porta-voz do partido do presidente Wade, Abdorahamane Ndiaye o processo eleitoral decorreu de forma organizada e sem deixar flancos para a fraude: “Não houve nada de irregular nestas eleições. Eles sabem disso. A imprensa acompanhou todo o processo, do registo dos eleitores à proclamação dos resultados. Todos os candidatos tiveram os seus delegados presentes em todas as assembleias de voto. Seria impensável pensar em fraude!”
Aquele porta-voz da candidatura de Abdoulaye Wade, realçou, entretanto, que, tal como o eleito presidente frisou no seu discurso de vitória da semana passada, o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais, Idrissa Seck, vai ser alvo de uma investigação por corrupção e por crime de peculato enquanto ex membro do governo.
Idrissa Seck passou praticamente metade do ano detido, por acusação de corrupção, tendo sido, entretanto, posto em liberdade, semanas antes das eleições, mas ainda a tempo de se candidatar à corrida para a presidência do Senegal.