Links de Acesso

Iraque: Rice e Guterres Debatem Futuro dos Refugiados


A administração Bush anunciou, na quarta-feira, ter planos para aceitar, pelo menos, sete mil refugiados iraquianos que se irão radicar nos EUA, ainda este ano, aumentando o financiamento que está a ser dado à agência de Refugiados da ONU. O anúncio foi feito depois de um encontro entre a secretária de Estado Condoleezza Rice e António Guterres, o alto-comissário da ONU para os Refugiados.

O sete mil ou mis refugiados iraquianos que serão recebidos nos EUA até ao fim deste ano contitui um grande aumento, dado que, desde que a guerra começou em 2003, apenas foram recebidos na América 500 refugiados provenientes do Iraque.

Mas, tanto o alto-comissário Guterres como representantes da administração Bush admitem que se trata de uma gota no oceano, dado são cerca de quatro milhões de iraquianos que estão deslocados internamente ou que se refugiaram nos países vizinhos.

Ambas as entidades afirmam haver uma necessidade absoluta de aumentar a ajuda humanitária para os refugiados e para restaurar a paz no Iraque permitir o regresso daqueles que fugiram, mas que querem regressar a casa.

Durante uma conferência de imprensa que teve lugar, após um dia de conversações entre António Guterres e a secretária de Estado assistente para a População, refugiados e Migração, Ellen Sauerbrey disseram que a vasta maioria dos desalojados iraquianos não procuram nem querem refúgio permanente no estrangeiro.

Disse Sauerbrey: “Há a percepção, penso eu, de que há um grande número de pessoas prontas a deixar o seu país ou a sua região para se radicarem noutro sítio. Na realidade, esta crise de refugiados não é diferente daquelas com que nos confrontamos por esse mundo fora. E a maior parte das pessoas não quer estabelecer-se noutro país. A maior parte das pessoas querem continuar na mesma região, certamente que querem ver as suas necessidades preenchidas, mas querem regressar a casa”.

A par do compromisso relativamente ao reassentamento das populações, fontes da administração Bush anunciaram que os EUA irão contribuir com 18 milhões de dólares para um fundo especial de 60 milhões de dólares para os refugiados iraquianos, fundo estabelecido pela agência da ONU para os Refugiados.

António Guterres, antigo primeiro-ministro português, disse que a agência que dirige vai realizar uma conferência de doadores, em Genebra, em Abril, para tentar alargar a ajuda aos desalojados iraquianos, mais de 40 mil dos quais fogem do seu país todos os meses e que têm cada vez menos opções acerca sobre para onde ir.

Guterres, que acaba de regressar de uma digressão pelo Médio Oriente, prestou tributo aos países que estão a dar acolhimento aos refugiados, particularmente à Jordânia e à Síria, nações que têm aceitado a maior parte dos refugiados dos cerca de dois milhões que se encontram no estrangeiro.

O Alto Comissário da ONU disse ainda que os iraquianos são elementos da classe média, mas que se estão a tornar progressivamente mais pobres e desesperados, acrescentando estar preocupado quanto aos perigos das repercussões: “Devo dizer que estou particularmente preocupado quanto à evolução da opinião pública nestes dois países. Ouvindo os choferes de táxi, os cidadãos comuns, as pessoas estão a sentir-se cada vez mais os problemas que enfrentam, dadas as dificuldades em encontrar sítios para viver”.

Não obstante a tensão existente nas suas relações bilaterais, os EUA iniciaram, nos últimos dias, um diálogo político com o governo da Síria sobre a questão dos refugiados e prepara entrevistas com refugiados que se encontram na Síria acerca de uma possível radicação na América.

A Secretária de Estado Assistente Sauerbrey disse que acordos separados estão a ser feitos para apoiar milhares de iraquianos, a maior parte dos quais ainda se encontram no país, e que possam estar em risco de vida por terem servido como intérpretes ou servido noutras capacidades entidades militares ou civis americanas.

XS
SM
MD
LG