A organização Repórteres Sem Fronteiras colocou Cuba no 165º lugar na lista dos países que mais violam a liberdade de imprensa, à frente da Eritreia, do Turquemenistão e da Coreia do Norte. Num outro relatório recente, preparado pela mesma organização, explica-se detalhadamente como as autoridades cubanas se asseguram de que não é dado acesso à internet aos jornalistas independentes e aos opositores políticos.
O grupo Repórteres Sem Fronteiras, que tem a sua sede em Paris, afirma que menos de dois por cento da população de Cuba tem acesso à internet, fazendo deste país um dos mais atrasados do mundo no que toca à utilização da internet.
As autoridades cubanas atribuem esta situação ao embargo comercial americano o qual, afirmam, os impede de obter o equipamento necessário para a popularização da internet.
Mas, os Repórteres Sem Fronteiras concluem que o governo cubano tem um sistema de controlo e de vigilância para que os cubanos não tenham acesso informação independente que circula na internet. Os órgãos de comunicação social controlados pelo Estado são os únicos autorizados em Cuba.
Para visitar os portais da internet ou para ler os e-mails, os cubanos têm que usar postos públicos de acesso, como sejam os cafés cibernéticos, as universidades os centros de computadores para a juventude, locais onde a sua actividade pode ser facilmente controlada.
A polícia cubana instalou programas em todos os computadores em serviço naquelas instalações, o qual lança uma mensagem de aviso quando são escritas palavras-chave consideradas subversivas, como é o caso de nomes de dissidentes políticos.
John Virtue é o director do Centro de Comunicação Social Internacional na Universidade da Flórida, em Miami: “Cooperamos com jornalistas independentes em Cuba. Há cerca de uma centena de jornalistas que enviam trabalhos, a partir de Cuba, numa base regular. Muito poucos sabem usar a internet. São apenas meia dúzia e apenas dois ou três têm contas abertas na internet. E a maioria dos artigos que enviam têm que se ditados pelo telefone para alguém em Miami que os transcreve.”
Virtue afirma que vários jornalistas independentes cubanos que foram secretamente treinados por este centro encontram-se agora na prisão por exercerem a sua profissão. John Virtue recorda a perseguição desencadeada, há três anos atrás, pelas autoridades cubanas: “O governo cubano prendeu 75 dissidentes a 18 de Março de 2003. E, desses, 27 eram jornalistas. Vinte e quatro jornalistas mantêm-se na prisão, cumprindo penas que chegam aos 28 anos de cadeia. E as acusações são de traição por terem cooperado com um governo estrangeiro”.
A organização Repórteres Sem Fronteiras afirma que os cubanos podem ser condenados a 20 anos de cadeia por escreverem artigos para portais estrangeiros na internet e cinco anos de prisão apenas por visitarem portais que estejam proibidos. John Virtue afirma que é intensa a vigilância exercida pelo Estado cubano: “Há vários meses, a segurança do Estado começou a visitar estrangeiros baseados em Cuba, advertindo-os para que não dêem a cubanos acesso aos seus computadores, especialmente a jornalistas independentes”.
Virtue afirma que alguns cubanos fizeram as suas próprias antenas parabólicas para receber emissões estrangeiras o que levou as autoridades cubanas a fazer “raids” aos sábados à noite que é quando estão a ser transmitidos populares programas de variedades latino-americanos.