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Exército da Resistência do Senhor Não Vai Negociar com Kampala


O líder rebelde ugandês do Exército da Resistência do Senhor anunciou que não vai participar nas negociações com o governo, as quais se destinam a pôr fim a quase duas décadas de confrontos. A próxima ronda de conversações começam esta sexta-feira na cidade sudanesa de Juba.

As conversações que deveriam ter tido lugar ontem, seriam à partida mediadas pelo vice-presidente do Sudão,Reik Machar , que já se deslocou à fronteira congolesa para persuadir o líder do Exército de Resistência de Senhor, Joseph Kony a participar no processo de paz.

Um assistente do vice-presidente Machar disse que Kony tinha recusado reunir-se com o vice presidente sudanês, tendo para o efeito delegado no seu segundo comandante, Vincent Otti, que confirmou a Reik Marchar que aquele grupo rebelde não iria enviar nenhum dos seus cinco principais comandantes às conversações, por receio de serem detidos.

Há um ano que pende sobre os cinco comandantes do Exército de Resistência do Senhor um mandato internacional de prisão, por crimes de guerra e contra a humanidade, emitido pelo Tribunal Criminal Internacional de Haia.

Aquele grupo rebelde tem vindo a ser acusado da morte de milhares de pessoas e do desalojamento de mais de um milhão de outros, para além do rapto de mais de 30 mil crianças, forçadas a servirem como soldados nas fileiras do grupo ou como escravas sexuais.

O governo do Uganda prometeu recentemente uma amnistia aos rebeldes, caso estes se envolvessem de forma determinada, no processo de paz.

Mas, para o editor de política do jornal ugandês, o Daily Monitor, Charles Mwan Guhya, sem a participação da liderança do Exército de Resistência do Senhor, as conversações visando a paz no Norte do Uganda, estão à partida condenadas ao fracasso: “O Tribunal Criminal Internacional deu uma boa oportunidade a Joseph Koni para se manter de fora das conversações. Trata-se de uma desculpa para Kony e o seu povo. Por conseguinte, as conversações estão, desde o seu arranque, enfraquecidas e com um futuro incerto. O Uganda enviou altos responsáveis governamentais para estas conversações e caso não tiverem interlocutores a mesmo nível, não poderemos esperar que nenhuma das partes faca avançar estas conversações”.

Entretanto, o porta-voz da delegação governamental para as conversações, Robert Kabushenga, disse que o seu governo não tem planos para reduzir o nível da sua representação às conversações.

De acordo com aquele funcionário, o governo em Kampala está optimista quanto à possibilidade do surgimento de uma nova oportunidade para que Joseph Koni e os seus comandantes da guerrilha participemno processo: “Eles representam o centro decisório do Exército de Resistência do Senhor. Entretanto, se o vice-presidente do Sudão, Reich Machar disser que essas pessoas foram mandatadas para participar nas conversações, a nossa delegação regressará ao local das negociações. Mas, a percepção aqui é a de que , seja o que for que suceder, os integrantes da nossa delegação estarão disponíveis a regressar ao palco das conversações”.

O governo ugandês impôs recentemente a data de 12 de Setembro próximo como o prazo para se chegar a um acordo de paz com aquele grupo rebelde. Kampala não especificou, entretanto, o que irá suceder se os rebeldes não acatarem o prazo.

Enquanto isso, o exército ugandês anunciou a captura do mais alto comandante rebelde que continua a operar no norte do Uganda.

O porta voz das forças armadas ugandesas, o major Felix Kulayigye, garantiu que a captura daquele operacional rebelde não vai, à partida, interferir com o processo de paz.

Disse Kulayigye: “A decisão deles não tem nada a haver com o que foi revelado ontem. Como disse, não existe nenhum cessar fogo em vigor. Nenhum dos lados declarou até então a cessação das hostilidades, pelo que as operações continuam normalmente”.

Recorde-se que vários acordos de paz entre o Exercito de Resistência do Senhor e o governo do Uganda falharam no passado, com ambos os intervenientes a acusarem-se mutuamente de violação dos acordos.

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