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Nova Estação de Fome


Marcus Prior o porta-voz do PAM para a África Ocidental explica que a região do Sahel está agora a entrar numa nova estação de fome ou uma estação magra. A região entre o deserto do Sahara e a terra mais fértil a sul inclui alguns dos países mais pobres do mundo, incluindo o Niger e a Mauritânia.

‘Quanto ao Sahel, o ano passado foi um ano particularmente difícil para grande parte das populações mais pobres do Sahel. A estação magra, como é geralmente definida, é esse período depois das pessoas terem deixado de ter as suas reservas alimentares e ficam dependentes de dinheiro de trocas para cobrir as suas necessidades alimentares até à próxima colheita, o que na grande maioria dos casos não tem lugar até Setembro ou Outubro deste ano.’

Durante a chamada estação magra, ou da fome, aumentam os preços da comida nos mercados locais, tornando ainda mais difícil para as famílias pobres, que por vezes tem pouco dinheiro, ou mesmo nenhum.

Apesar dos esforços para criar o fundo de emergência da ONU, o PAM volta a ter problemas de financiamento para alguns dos seus programas alimentares. Para a Mauritânia, diz Prior, a agência apenas tem um milhão de dólares, dos 18 milhões de que precisa.

Em geral, no apelo lançado na terça-feira dizia-se que são precisos mais de 37 milhões de dólares para alimentar 3,3 milhões de pessoas na região do Sahel.

Na África Ocidental, o PAM está a fazer face a uma situação de insegurança alimentar na Guiné-Bissau, um país que normalmente não tem faltas alimentares.

Stefania Trassari participa na coordenação dos esforços de ajuda.

‘Enfrentamos uma situação especialmente difícil no sul da Guiné-Bissau. Na semana passada foi feita uma missão de avaliação pela FAO, PAM, ministério da Agricultura para sabermos a situação em que as pessoas estão a viver.’

O governo guineense diz que há dezenas de milhar de agricultores a passar fome nas regiões de Quinara e Tombali, bem como nas ilhas de Bijagós.

O problema começou depois de chuvas torrenciais, pouco usuais, terem levado a água salgada a varrer os campos de arroz, arruinando as lavras pelo segundo ano. Este ano, a situação foi agravada quando o novo governo fixou os preços do cajú, cajú que os agricultores vendem para suplementar os seus rendimentos.

Trassari diz, que o dinheiro da venda do cajú poderia ter sido usado para ultrapassar este período, mas que os vendedores nos mercados recusam comprar o cajú ao preço determinado pelo governo. Trassari acrescenta que a produção do arroz é desceu 25 por cento este ano. Uma situação apenas agravada com o mercado do cajú.

O preço do quilo do cajú foi fixado pelo governo em 70 cêntimos (350 francos CFA), mas a resistência dos vendedores leva os agricultores a venderem por cerca de 20 cêntimos o quilo para poderem ter pelo menos algum dinheiro para comer. Outros vêem-se forçados a alimentar-se de mangos verdes.

Apesar de não estar na zona do Sahel, a Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo. Desde a independência tem sido sacudido por golpes, instabilidade e guerra civil, e recentemente a renovação de lutas ao longo da fronteira com a instável região senegalesa de Casamance.

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