O presidente Bush preencheu rapidamente o cargo de director da CIA, deixado em aberto pela demissão de Porter Goss, afastamento que surpreendeu os meios políticos de Washington. Para o cargo de Goss foi nomeado o general Michael Hayden.
Há menos de dois anos no posto de director da CIA, Porter Goss apresentou a sua demissão na sexta feira, não tendo dado qualquer razão para a sua surpreendente partida.
Entidades oficiais disseram, contudo, que Goss não tinha sido demitido. Falando a jornalistas, ontem, sobre a nomeação do general Michael Hayden para chefiar a CIA, o director nacional dos Serviços Secretos, John Negroponte disse que Goss sabia que a sua posição era por tempo limitado.
Contudo, sabe-se que a liderança de Goss foi tempestuosa. Vários destacados dirigentes da CIA demitiram-se ou reformaram-se depois de terem entrado em confrontos com o pessoal escolhido por Goss, muitos dos quais vieram do Comité para Questões dos Serviços Secretos na Câmara dos Representantes. A CIA e a Casa Branca estiveram também em confronto, particularmente sobre o Iraque.
Numa entrevista à VOA, o antigo chefe da CIA para as operações na Europa, Tyler Drumheller, disse que o pessoal de apoio de Goss, que veio da Câmara dos Representantes, era conflituoso e que isso custou à organização alguns dos seus mais experientes funcionários.
Drumheller - que trabalho para Goss durante três meses antes de se reformar - disse ter ficado surpreendido apenas com a altura em que se deu a demissão.
Goss presidiu a uma era de mudança dentro daCIA, incluindo uma mudança na sua própria posição. Até 2004, o seu título oficial era o de director dos serviços secretos centrais, uma posição que o tornava, na prática, director de todos os serviços de informações e de espionagem. Mas, para melhor coordenar o trabalho das 16 agências envolvidas no processamento de informações, o Congresso aprovou uma lei de reforma, em 2004, criando um novo posto de director nacional dos Serviços Secretos e Goss foi despromovido para apenas chefe daCIA. Alguns analistas afirmam que Goss ficou desiludido pelo facto de não ter recebido o novo cargo que foi atribuído a John Negroponte.
Analistas afirmam que, dentro da CIA, haverá pelo menos inicialmente suspeitas sobre o general Michael Hayden, nomeado para substituir Goss. A maioria dos directores da CIA não tem sido militares no activo. Além disso, disse Tyler Drumhellet, a especialidade do General Hayden não são operações clandestinas que é o principal trabalho da CIA, mas a vigilância através de meios electrónicos.
O director nacional dos Serviços Secretos, John Negroponte, defendeu a escolha de Hayden afirmando que este tem mais experiência do que apenas em questões técnicas. Hayden é actualmente o vice director nacional dos Serviços Secretos. No que foi visto como uma tentativa de acalmar receios entre o pessoal da CIA, Negroponte disse que o governo está a tentar convencer o antigo subdirector de operações da CIA, Stephen Kappes, a abandonar a reforma e a regressar ao trabalho como subdirector da CIA.
Kappes chefiou todas as Operações Clandestinas da CIA e foi ele quem negociou com a Líbia o programa para este país abandonar as suas armas de destruição em massa. Kappes e o subdirector de Operações demitiram-se em Novembro de 2004, após terem entrado em confronto com Goss e o seu pessoal.