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Sudão: EUA Pressionam Rússia e China


Os Estados Unidos admitiram estar a pressionar a China e a Rússia, para tomarem posição no Conselho de Segurança da ONU, tendo em vista a aplicação de sanções a quatro líderes militares e milicianos sudaneses, acusados de envolvimento em crimes de guerra na região de Darfur.

Os Estados Unidos fizeram, terça-feira, circular um projecto de resolução, que prevê a aplicação de sanções a pelo menos quatro personalidades sudanesas de uma lista por enquanto confidencial que inclui mais de cinquenta outras pessoas suspeitas de pratica de crimes de guerra em Darfur.

Entre as medidas previstas, inclui-se o congelamento de bens e a interdição de viagens dos visados ao exterior do país.

Dos quatro indiciados, figura uma alta patente da Forca Aérea sudanesa, que comandou formalmente as tropas governamentais sudanesas em Darfur, dois líderes das milícias pró governamentais, Janjaweed, e um comandante do Exército de Libertação do Sudão, um grupo rebelde.

A identidade dos quatro visados foi revelada aos membros do Conselho de Seguranca da ONU, mas foram deixados de fora no texto final da resolução.

O porta-voz da missão dos Estados Unidos na ONU, explicou que os nomes foram propositadamente omitidos do documento final para evitar que os suspeitos ajam ainda a tempo de evitarem o congelamento dos seus bens. Aquele funcionário americano admitiu, entretanto, que as identidade de alguns dos indiciados foi já referenciado por alguns media ocidentais.

A resolução foi posta a circular na sede da ONU, em Nova Iorque, um dia depois da Rússia e da China terem bloqueado um expediente do Conselho de Segurança da ONU que previa a imposição automática de sanções aos quatro suspeitos.

O embaixador da China, Wang Guangya disse que Pequim prefere aguardar pelos resultados das conversações a decorrerem em Abuja, na Nigéria, e que visam um fim do conflito em Darfur.

Disse Wang: “A China acredita não ser este o momento exacto, uma vez que decorrem negociações em Abuja, da quais esperamos que progressos. Portanto, deveria ser feito tudo o que estiver ao nosso alcance para facilitar o sucesso das negociações de Abuja.”

Idêntica posição tem o embaixador da Rússia, Andrey Denisov que sugere a necessidade de um compasso de espera, para que mais tempo seja dado aos negociadores reunidos até 30 de Abril na capital nigeriana.

Já o representante dos Estados Unidos, o embaixador John Bolton, prefere pressionar, para que uma resolução orientada no sentido da aplicação de sanções, venha a ser aprovada.

Bolton disse aos jornalistas que um dos objectivos da pressão americana, tem a haver com a necessidade de testar e citamos a seriedade das objecções de Moscovo e de Pequim a crise em Darfur. Disse Bolton: “Sentimos em algumas ocasiões que as sanções representavam uma componente importante da nossa política para o Sudão e para Darfur em particular mas, ao mesmo tempo, um importante elemento da política do Conselho de Seguranca da ONU. Portanto, isso será posto em prática e será um teste ao Conselho de Segurança, para averiguar se a opção, sanções irá funcionar.”

John Bolton e ainda da opinião não existirem mais argumentos para um adiamento da medida e garantiu aos jornalistas que a identidade das personalidades visadas pelas sanções serão reveladas assim que a resolução seja aprovada.

Enquanto isso, o chefe dos mediadores da União Africana para Darfur disse ao Conselho de Segurança da ONU que um acordo final nas conversações de Abuja é tangível. Salim Ahmed Salim realçou ainda que o sangrento conflito parece ter atingido o ponto da tão esperada resolução final: “Estamos na recta final do acordo de paz para Darfur. A mediação está pronta e acreditamos ter chegado o momento das partes avançarem dos argumentos a decisões concretas.”

O responsável da equipa de mediadores da União Africana relembrou entretanto para o facto das partes reunidas em Abuja não terem ate ao momento feito concessões significativas ou superado as desconfianças de parte a parte.

Relativamente aos efeitos das sanções, Salim Ahmed Salim advertiu que poderão ter tanto impactos positivos como negativos.

O conflito na região sudanesa de Darfur teve início em 2003, quando rebeldes leais pegaram em armas para combater o governo sudanês.

Em resposta, Cartum decidiu armar e treinar as milícias árabes Janjaweed, que lançaram, por sua vez, uma sangrenta campanha contra os rebeldes e populações suspeitas de os apoiarem.

O conflito e ainda responsável por mais de duzentas mil mortes nos últimos três anos, a maior parte devido à fome e a doenças. Dois milhões de aldeões foram igualmente forcados a abandonar as suas aldeias de origem, vivendo hoje em campos de refugiados no vizinho Chade.

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