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Clube de Paris Estuda Caso Angolano


O Clube de Paris (CP) efectuou esta terça-feira na capital francesa, um levantamento sobre as relações com Angola. Esta reunião estava influenciada, à partida, pelas posições assumidas por alguns membros do Clube em relação a Angola, pelo crescimento da economia angolana, e pela relação de Luanda com membros do Clube.

Países como a Itália e a França são citados como continuando a ligar o re escalonamento da dívida de Angola, a um compromisso com o Fundo Monetário Internacional. A Espanha por sua vez, é vista como tendo flexibilizado as suas posições, o que em Paris soa como pressão ao Clube no sentido de partir para negociações com Luanda.

Estas pressões são ditadas, em parte, pelo crescimento da economia de Angola, projectada pelo Fundo Monetário Internacional como sendo uma das que mais crescerá este ano em todo o mundo. Angola beneficia em parte do preço do petróleo no mercado. O orçamento para este ano foi feito com o preço do barril de petróleo a 45 dólares , mas Angola está a vender a pouco mais de 50.

O crescimento, e a estabilidade, explicam também o interesse cada vez maior de empresários estrangeiros no mercado angolano.

A abordagem desta terça-feira em Paris deverá também levar em conta o facto de Angola ter liquidado totalmente a dívida com os Estados Unidos da América, e de estar a negociar novos créditos com a Alemanha. Sediado na capital francesa, o Clube de Paris congrega os principais credores trabalhando com eles no escalonamento da dívida. A circunstância de ir ao CP, antes de receber o FMI em Luanda, uma alteração às normas, é vista em Luanda como um sinal confortante.

Os resultados das consultas iniciadas esta terça-feira em Paris serão comunicados a Angola no final deste mês, durante uma ronda de negociações que o secretariado do Clube manterá na capital francesa, com representantes de Luanda.

Após as consultas com o Clube de Paris , Angola receberá uma delegação do Fundo Monetário que vai fazer o relatório do Artigo IV, análise anual da economia, prevista nos estatutos do FMI.

O FMI vai fazer também uma auditoria ao sistema fiscal angolano, descrita por fontes angolanas como sendo o resultado de um gesto voluntário de Angola. “O ROSC - Report on The Observance of Standard Codes “- que é do que estamos a falar- é um mecanismo à disposição de vários países que nós decidimos abraçar voluntariamente”, disse fonte oficial angolana.

Com esta auditoria ao sistema fiscal, o FMI ficará a saber se os mecanismos de controlo de despesas e de receitas respondem à norma ou à vontade de terceiros. “Isto consta dos arautos de transparência”, disse uma fonte angolana contactada pela Voz da América.

As novas consultas entre Luanda e o FMI, não deverão produzir nenhum acordo para um programa monitorado. Altos funcionários angolanos disseram à Voz da América que o que Angola precisa do FMI, isto é conselho técnico e assistência em políticas económicas, pode conseguí-lo sem um acordo. “Um programa com o FMI começa a ficar fora de questão na medida em que com outras equações, Angola consegue as alavancas para resolver a questão da reconstrução nacional. Se o programa com o FMI não vai resolver a questão reconstrução nacional, não faz sentido nenhum adoptá-lo”.

As autoridades angolanas mantêm também como exequível, o plano para colocar a taxa de inflação este ano, na casa de 1 dígito. “Nos dois primeiros meses tivemos uma taxa de inflação de 1 por cento por cada um destes meses, o que aconteceu pela primeira vez em mais de 20 anos. Estamos no bom caminho”.

A aspiração de Angola apoia-se em parte no facto de os investimentos não estarem a ser pressionados pela procura interna. “Não há pressão sobre os preços internos”, acrescentou a nossa fonte.

Questionadas sobre sugestões avançadas em vários círculos internacionais sobre o controlo do câmbio por via da política do “Hard kwanza” , fontes angolanas disseram que ao contrário do que se passa na maior parte dos países, a receita fiscal de Angola entra em divisas. “Não temos uma moeda forte.. porque enfim. As nossas reservas cambiais crescem dia a dia, rematou uma fonte.

Funcionários angolanos minimizaram sugestões de que o que se regista em Angola é a aplicação do “Beijing Consensus”, ou seja, desenvolvimento económico sem liberalização política. “Esta sugestão não faz justiça em relação a Angola e mostra pouca coerência por parte destas instituições”, rematou a fonte da Voz da América.

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