Depois das revelações feitas recentemente em Bissau, pelo chefe do departamento das Nações Unidas de combate à droga e ao crime organizado na África Ocidental António Mazzitelli , no sentido de que as autoridades guineenses não estão à altura de controlar o tráfico de droga, desta foi a vez da Guarda Costeira dos Estados Unidos referir de novo a Guiné Bissau, na lista dos países que não cumprem com as normas antiterroristas e de segurança a navegação marítima decretadas para portos internacionais.
Trata-se pois da segunda vez em menos de um ano, que a Guarda Costeira americana inclui os portos da Guiné Bissau na lista negra em questão.
Da lista negra constam, para alem da Guiné Bissau, a Libéria, a Guiné Equatorial, a Mauritânia a Republica Democrática do Congo e o Madagáscar, países cujos portos não observam à partida as medidas antiterroristas e carecem de condições de segurança.
No caso concreto da Guiné Bissau e da maior parte dos países africanos que figuram na lista, a Guarda Costeira Americana reitera num documento a que VOA teve acesso, a indiferença dos responsáveis pela gestão portuária nesses países face ao cumprimento de algumas das recomendações internacionais feitas anteriormente menção num alerta semelhante lançado em meados do ano passado.
No documento, a Guarda Costeira americana reitera o facto do país não ter estado a comunicar nem a Organização Marítima Internacional, nem a as autoridades costeiras americanas as informações relacionadas a segurança portuária, requeridas consoante as normas internacionais e tendentes a eventual certificação internacional dos portos em questão.
Na sequência do não cumprimento dessas normas, os portos africanos referenciados passam assim a figurar numa lista das infra-estruturas portuárias que não cumprem com as normas anti-terroristas internacionais.
No que tange a sanções, a Voz da América conseguiu apurar que todos os navios que tenham visitado os portos em questão, podem ver interditadas a sua entrada nos portos americanos ou alvo de inspecções rigorosas no alto mar, desde que comprovada não terem sido cumpridas algumas das normas de segurança impostas a navios, cujas rotas implicam escalas nos países constantes da lista.
Sabe-se por outro lado que a par da avaliação feita pela Organização Marítima Internacional aos portos, os Estados Unidos levam a cabo pontualmente acções de verificação própria da implementação das medidas de segurança e antiterrorista em portos suspeitos.
No caso da Guiné Bissau, desconhece-se, se a manutenção do país nessa a lista negra terá decorrido de inspecções de fiscais americanos para verificar o cumprimento do código de segurança ou se o alerta terá partido da própria Organização Marítima Internacional.
O certo é que a agravar ainda mais as recentes revelações da missão do departamento das Nações Unidas de combate à droga e ao crime organizado na África Ocidental, de que a Guiné Bissau não tem condições para controlar as fronteiras, fragilidade aproveitada pelos narcotraficantes, a decisão da Guarda Costeira Americana representa um claro sinal de que entre a confiança internacional tida por conquistada entre alguns círculos do poder e a percepção real que a comunidade internacional tem do estado das coisas na Guiné Bissau, existe um hiato.
Facto que de acordo com fontes diplomáticas nas Nações Unidas em Nova Iorque, dificilmente as autoridades de Bissau conseguirão escamotear a atenção mundial , ainda que recorrendo a operações de charme e exercícios de diplomacia.
E que fragilidades, existem sim e são evidentes no terreno ... e algumas convenhamos decorrem da “ingovernabilidade” que tomou conta de alguns sectores vitais ao normal funcionamento do país.