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Yoweri Museveni tenciona concorrer às eleições do próximo ano


O presidente do Uganda Yoweri Museveni tenciona concorrer às eleições do próximo, após ter dirigido o país durante quase duas décadas sob o sistema político não partidário. Os analistas duvidam que Museveni e o seu governo tenham abraçado com sinceridade a política multi partidária, tal como foi aceite pelos ugandeses no referendo de Agosto deste ano.

Os ugandeses ainda estão a recuperar da dramática captura e detenção de Kizza Besigye, o potencial candidato presidencial pelo partido Fórum para a Mudança Democrática.

Besigye, que tinha acabado de regressar ao Uganda após um exílio de quatro anos, foi acusado de violação e de traição, pelo seu alegado apoio ao grupo rebelde Exercito de Redenção Popular, e encontra-se detido numa cadeia de máxima segurança.

Segundo o analista político ugandes, Fredrick Ssempebwa, a detenção de Besigye constitui um sinal de que o sufrágio de Marco próximo não será nem livre nem honesto...

‘Se não foram acusações forjadas, penso que os indivíduos detidos com Besigye deveriam ter sido julgados há muito tempo. Ninguém acredita que as acusações de traição e de violação são reais. Penso que a intenção é clara – manter Besigye detido até depois da eleição, para que a candidatura da oposição seja enfraquecida’

Quando Museveni assumiu o poder em 1986 instituiu o que denominou de sistema sem partidos políticos, ostensivamente para evitar aumentar as divisões éticas e religiosas dentro do país.

Inicialmente o Movimento da Resistência Nacional forneceu estabilidade e crescimento em todo o pais, que tinha sido traumatizado por Idi Amin e Milton Obote.

Os doadores internacionais aumentaram gradualmente as pressões no sentido de Museveni abrir o pais a política multi partidária, e nos finais de Julho deste ano, mais de 90 por cento de ugandeses votou a favor num referendo para o regresso ao multi partidarismo, que Museveni tinha feito campanha a favor.

No inicio deste ano o parlamento aboliu o limite de dois mandatos presidenciais definido pela constituição de 1995, possibilitando a Museveni voltar a concorrer, apesar de ter anteriormente prometido não o fazer. A decisão enfrentou condenação generalizada interna e externa.

O director de informação do Movimento da Resistência Nacional sustenta que a abolição do limite de dois mandatos e a decisão de Museveni de voltar a concorrer são legais e reflectem a vontade e o apoio dos membros do parlamento e do povo ugandes.

Os analistas sustentam que um dos maiores falhanços do primado de Museveni reside no facto de não ter conseguido por termo a brutal guerra civil no norte que teve inicio pouco depois de ter assumido o poder em 1986.

O grupo rebelde Exercito da Resistência do Senhor matou, raptou e violou durante quase duas décadas – fazendo desalojar cerca de dois milhões de pessoas tendo raptado cerca de vinte mil crianças.

Margaret Ateng membro do parlamento por um dos distritos do norte, indicou ser um dos 34 deputados que boicotaram a legislatura em 2003 para protestar contra a indiferença do governo para a situação de violência.

‘Quando nos encontramos com o presidente do Uganda, ele afirmou que o problema dos rebeldes seria resolvido. Pareceu que não gostaria de ser embaraçado pelo facto de não poder conter um pequeno problema, já que foi assim que classificou o exercito de Libertação do Senhor ...’

Os observadores sustentam que o principal factor no resultado do sufrágio do próximo ano será a força da oposição.

Seis partidos políticos constituíram o ano passado uma coligação para, entre outras coisas, poder apresentar um candidato único, tal como ocorreu no vizinho Quénia nos sufrágios de 2002.

Um dirigente do Fórum para a Mudança Democrática, Kasiano Wadri, afirmou a Voz da América que o principal objectivo da coligação é o de introduzir reformas no Uganda.

‘Não podemos ter como objectivo político principal a saída de Museveni ... para nós o principal objectivo trata-se a libertação política, económica e social do Uganda’

Wadri está confiante que com a pressão internacional posta sobre o governo, Besigye será libertado em breve, e será, muito provávelmente, o candidato presidencial comum da oposição.

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