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Varias companhias sul africanas beneficiaram ilegalmente


O comité Volcker, o painel que investigou o escândalo em redor do programa petróleo por alimentos implementado pela ONU, no Iraque revelou que varias companhias sul africanas, beneficiaram ilegalmente de um esquema de sobre facturação e de subornos na venda de petróleo iraquiano para aquisição de bens essenciais.

Através do esquema ilícito, o Iraque contava poder influenciar a política externa desses países, em face da guerra no Iraque.

No seu ultimo relatório, o comité Volcker denunciava que o governo de Saddam Hussein engajou-se em negócios ilegais com Sandi Majali, o presidente da firma Montego Trading e Imvume, na tentativa de conseguir granjear o apoio do governo sul africano.

O comité revela ainda que Sandi Majali, que se assume como conselheiro do presidente Thabo Mbeki usou os seus contactos junto de altas instancias do governo sul africano para conseguir contratos no quadro do programa petróleo por alimentos, implementado pela ONU, no Iraque.

O relatório suscitou já a reacção do líder do partido da aliança democrática na oposição, Tony Leon, que exigiu a constituição de uma comissão de inquérito para investigar os contornos do caso.

‘Porque não podemos encobrir para sempre o senhor Sandi Majali ou a sua companhia e nem podemos proteger outras personalidades e companhias sul africanas, que poderão ter violado as leis internacionais.’

O governo sul africano não reagiu ainda em termos oficiais ao relatório. Entretanto, o vice-ministro dos negócios estrangeiros, Azziz Pahad, que por sinal encabeçou no passado varias delegações do país nas deslocações a Bagdade, antes da invasão americana de Marco de 2003, rejeitou as alegações de que a política externa da África do Sul para com o regime de Saddam Hussein tenha sido influenciada pelos contratos celebrados pelas empresas sul africanas envolvidas no escândalo.

Para o especialista das relações internacionais, John Stremlau, a política da África do Sul, durante o período que antecedeu a guerra do Iraque, foi consistente com os princípios e as praticas internacionais.

‘Ficaria surpreendido, e realmente chocado, se houvesse uma ligação causal entre a corrupção que poderá ter tido lugar, e a política externa da África do Sul no decorrer da guerra no Iraque, porque na política externa, eles estavam a tentar ser o mais consistente possível aos princípios do apoio sul africano ao multilateralismo.’

O professor Stremlau, do centro de assuntos internacionais da Universidade de Witwaters Rand, de Joanesburgo vai mais alem e defende a existência de razoes históricas nessa aproximação.

‘A África do Sul, ... devemos nos lembrar tem um ponto de vista sobre as Nações Unidas, com base na sua historia política em que a ONU violou a tradição de não interferir nos assuntos internos de um estado membro para condenar e tomar medidas contra o regime do apartheid.’

De qualquer forma, os observadores são unanimes em defender que o presidente Thabo Mbeki terá que agir de forma decisiva para implementar as recomendações da comissão Volcker, nomeadamente assegurando a investigação das companhias e individualidades sul africanas implicadas no escândalo, e se necessário, puni-las.

Caso contrario, salientam os mesmos observadores, os ganhos conseguidos na luta contra a corrupção, que teve por ponto alto a demissão do vice-presidente Jacob Zuma em Junho ultimo, perderia o seu efeito político pratico.

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