Na sua ultima edição o semanário “Independent”, noticia em detalhe aquilo que descreve como sendo os meios utilizados pela Organização Central dos Serviços Secretos para financiar três jornais.
Aquela instituição, conhecida pela sigla inglesa de C I O, canalizou cerca de 65 milhões de dólares anuais uma verba retirada do orçamento do gabinete do presidente Robert Mugabe, verba que nunca foram aprovadas pelo parlamento.
Os jornais mencionados são o semanário 'Financial Gazette', o 'Daily Mirror' e a edição dominical 'Sunday Mirror'.
O 'Financial Gazette' foi um jornal totalmente independente até há três anos atras quando foi absorvido por um grupo que apoia o governo. O grupo Mirror foi sempre propriedade de um grupo favorável ao partido no governo.
O governo do Zimbabwe financia publicamente ou controla alguns jornais no Zimbabwe, como no caso do Herald, mas até estas revelações feitas pelo Independent era tido como certo que as três publicações mencionadas eram financiadas totalmente pelo sector privado.
O director do Projecto de Fiscalização dos Media, Andrew Moyse, instituição que acompanha e analisa os media do Zimbabwe, acentua que as três publicações em questão, publicaram nos últimos três anos artigos geralmente favoráveis ao partido no poder, a ZANU-PF.
Segundo ele, os dois jornais do grupo Mirror não têm publicidade suficiente, ou circulação para sobreviver na situação económica altamente inflacionária do Zimbabwe, em que os custos de produção aumentam drasticamente, sendo por isso necessário arranjar verbas adicionais.
O editor do Financial Gazette, que foi vendido há três anos atras a associados do governador do Banco Central, Gidean Gono, refere que as acusações são falsas e tenciona publicar um desmentido na edição da proviam quinta feira.
O proprietário do Grupo Mirror, Ibbo Mandaza, apoiante de longa data da ZANU PF desmente igualmente as acusações, e acrescenta operar na base de uma conta bancaria que lhe foi concedida por Gono, ... quando era dirigente de um banco comercial.
O antigo ministro da Informação, Jonathan Moyo, afirmou a Voz da América ter ficado chocado ao saber que o financiamento secreto ocorreu durante o seu mandato, sublinhando que investigaria a acusação. Moyo é presentemente um parlamentar não alinhado.
Como ministro da Informação, Moyo foi responsável por novas medidas restritivas dos media, exigindo que todos os meios de comunicação e os jornalistas fossem acreditados por uma comissão nomeada pelo governo.
O jornal de maior circulação, 'The Daily News', bem como vários semanários menores foram proibidos, nos últimos dois anos, de serem publicados, por terem recusado a acreditação exigida pela comissão instituída por Moyo.
Vários jornalistas foram detidos, deportados ou forçados ao exílio ao abrigo da legislação instituída por Moyo.
O Zimbabwe possui dois jornais que continuam a afirmar serem independentes, 'The Independent' e o 'The Standard', ambos semanários com circulações limitadas, mas não estão ao alcance financeiro da cada vez mais empobrecida população do país.