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A União Africana nomeou o ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano


A União Africana nomeou o ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, como enviado especial da organização para o Zimbabwe, com a missão de mediar o impasse negocial entre o governo e a oposição, num país cujo desempenho em termos dos direitos humanos tem sido alvo de fortes criticas internacionais, para alem de fazer em face de sua pior crise económica da sua historia.

A escolha de Chissano, segue-se à rejeição do presidente Robert Mugabe aos esforços do presidente sul africano, Thabo Mbeki na busca de uma solução para a crise.

Para alguns analistas, a indigitação do ex-presidente moçambicano, como novo mediador da crise no Zimbabwe,e encarado como um desaire para a África do Sul e mais particularmente para o seu presidente Thabo Mbeki, que tem vindo a assumir nos últimos anos, o papel de potência e de mediador de conflitos regionais.

Na qualidade de líder de uma das potências económicas de África, Mbeki tem conseguido adoptar uma postura em termos de política externa, extremamente bem sucedida, com a África do Sul a ser encarada como um modelo em termos de democracia, da unidade racial e do desenvolvimento económico para o continente africano.

Mas algo parece estar a mudar, nesse sentido. No inicio da semana, o presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe rejeitou publicamente o apelo sul africano, no sentido de um reatamento do dialogo com a oposição.

Ainda nesta semana, os rebeldes que controlam a parte norte da Costa do Marfim declinaram os esforços de mediação do presidente Thabo Mbeki, cujo governo acusam de favorecer o presidente marfinense Laurent Gbagbo.

Recentemente, e no que foi considerado no pior desaire sofrido pelo presidente sul africano, Thabo Mbeki, os lideres da União Africana bloquearam uma proposta sul africana que previa a atribuição a África, de pelo menos dois assentos no Conselho de Segurança da ONU, sem entretanto o cobiçado poder de veto.

Contrariamente a proposta sul africana, a maior parte das nações africanas preferem uma representação continental bem mais poderosa, com o inclusive poder de veto, no quadro das reformas preconizadas para aquele órgão da ONU.

O activismo político do presidente Thabo Mbeki, de acordo com alguns especialistas colocam-no numa posição em certa medida desenquadrada, com os demais lideres africanos.

Esta a opinião de Ross Herbert, analista da organização do Instituto para os Assuntos Internacionais, com sede em Joanesburgo, na África do Sul.

Herbert defende que o empenho demonstrado pelo presidente Thabo Mbeki para com a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África, o Nepad, acaba por suscitar atitudes de desconfiança por parte de muitos lideres africanos.

“O activismo, o seu conservadorismo fiscal não são necessariamente altamente populares em África. As pessoas têm uma visão positiva do Nepad, mas manifestam-se um pouco suspeitos quanto a possibilidade do Nepad, vir a ser apoderado pela África do Sul, para se tornar numa espécie líder de África ou solidificar a sua posição. No lugar de acreditarem no empenho de Thabo Mbeki como uma prova da sua aposta na iniciativa, as pessoas preferem ver motivos outros, nesse interesse do líder sul africano”- defende Ross Herbert

Mas Desmond Orjiako, porta voz da União Africana acha que nada mais existe subjacente aos recentes falhanços dos esforços diplomáticos do presidente Mbeki, que não as dificuldades próprias de situações de crise do género.

“Eu nem os encaro como desaires, porque nenhuma situação de conflito e resolvido numa primeira ou segunda tentativa, especialmente a critica situação na Costa do Marfim. Sabemos que ele saiu bem sucedido em varias situações, nomeadamente na Republica Democrática do Congo, no Burundi e em vários outros conflitos em África.” - conclui aquele porta voz da União Africana.

Chris Herbert, do Instituto Sul Africano para os Assuntos Internacionais, espera entretanto que a estrela do presidente Thabo Mbeki, volte a brilhar quanto mais não seja, pelo facto da África do Sul ser um dos maiores fornecedores quer de equipamentos quer de soldados para as missões de paz em África.

“Nenhum pais pode se gabar de ser imune a desaires diplomáticos. Essas coisas acontecem sempre. A África do Sul tem certamente algumas cartas a jogar a mesa... A sua influencia enfrenta determinados limites em África, o país tem certamente um certo prestigio e estatura a nível mundial, mas isso realmente não o leva muito longe em África” - frisou Chris Herbert

Entretanto, para alguns analistas, a política de incentivos económicos, como os concedidos recentemente ao Zimbabwe, que evitou a expulsão daquele país do Fundo Monetário Internacional, poderão entretanto ajudar o presidente sul africano, Thabo Mbeki a exercer uma certa influencia sobre o controverso presidente Robert Mugabe.

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