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A Convenção de Hartford


A Convenção de Hartford que tinha no topo da sua agenda a cisão dos cinco estados do norte do resto da União, terminou pela proclamação de uma longa lista de queixas contra as administrações de Jefferson e Madison, assinalando um impacto negativo nas relações entre o norte e o sul, dum lado, a periferia e a autoridade central, doutro, tal como acontecera aquando dos Cadernos de Protesto de Jefferson e Madison, em 1798. Pano de fundo da Guerra de 1812 com a Inglaterra: Tomé Mbuia-João : Democracia Americana - Os Primeiros 45 Anos.

Dizíamos na conversa passada que os estados do norte reuniam-se em Hartford, em 1814 em protesto contra a política estrangeira dos Presidentes Jefferson e Madison para com a Inglaterra parceira destes estados no comércio atlântico, e nos contrabandos com os territórios do oeste, para significar na gíria histórica americana as terras dos Grandes Lagos, do Transmississipi, os Vales do Ohio e do sudoeste até a Luisiana, terras estas habitadas por numerosas tribos índias que beneficiavam deste comercio e de muito mais.

Ideologicamente a Convenção de Hartford, em Connecticut, foi da iniciativa não dos comerciantes, mas dos federalistas da Nova Inglaterra contra os Jeffersonianos ou também ditos Republicanos-Democratas de Jefferson e Madison, no sul, alinhamento ideológico este de que a Inglaterra sempre beneficiara não apenas o seu comercio como se dizia e acontecia naquela última década das guerras napoleónicas. Ponto de partida principal destas rixas entre as ex-colonias do Atlântico e a ex-metrópole inglesa.

A Convenção de Hartford tinha no topo da sua agenda a ruptura, secessão do norte da União dos estados, questão que felizmente para o futuro da América passou desde logo para um plano secundário da oratória dos patrocinadores máximos da reunião adiando para daí a meio século o almagedão final a verdadeira cisão armada entre o norte e o sul. De momento a cimeira federalista de Harford limitava-se apenas a uma longa lista de queixas contra Jefferson e Madison, exigindo que não impusessem a sua autoridade, mas que respeitassem as liberdades cívicas, proclamando ao mesmo tempo direito singular de cada estado de nulificar as leis do centro se estas não respondessem aos seus interesses. Uma doutrina que na verdade não dizia nada de novo.

A doutrina da nulificação fica muito bem aqui esta designação tinha sido advogada nos seus Cadernos de protesto ditos “Virgínia and Kentuky Resolves”, Resoluções passadas pelas Legislaturas da Virgínia e Kentuky mas redigidas anonimamente pelo próprio Jefferson e o seu discípulo amado, James Madison, contra os decretos federalistas desta vez, por conseguinte nortenhos de John Adams, Hamilton e outros, em 1798, ou seja as ditas ”Alien and Sedition Acts ” leis contra agitadores estrangeiros e nacionais durante as guerras napoleónicas.

Na historiografia comparada americana, as resoluções da Convenção de Hartford, em 1814, não deixaram de ter o mesmo impacto nas relações norte e sul - centro e periferia - do que os Cadernos de Jefferson e Madison, de protesto contra as Leis da Sedição, em 1798 até a Guerra Civil. Todavia, restava ainda desmascarar a Inglaterra e o seu papel na longa serie de vicissitudes de instabilidade e mal-estar nas ex-colonias. A guerra de 1812 que os americanos irão chamar a sua segunda guerra de independência.

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