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Imprensa Americana a Favor do Perdão da Dívida Africana


"Basta de pancadinhas nas costas. Há ainda uma montanha a subir". Essa é a opinião do "The New York Times" sobre a recente decisão dos países industrializados e abolirem a dívida das nações mais pobres a instituições internacionais de crédito.

Essa decisão foi alvo de diversos editoriais, na semana finda, nos principais jornais americanos e será o principal tema a ser abordado neste África na Imprensa Americana. É o programa semanal de todas as segundas-feiras em que nos passamos em revista os principais jornais americanos para vermos como é que os acontecimentos em África ou com ela relacionados estão a ser noticiados e comentados aqui nos Estados Unidos.

Há que começar por dizer que, para além da questão da dívida, houve outras questões africanas que foram reportadas ou comentadas nesses jornais. Andrew Stroehleiun, director de informação do Grupo para Crises Internacionais, escreveu um comentário no Christian Science Monitor sobre a situação no Congo. O comentário era intitulado: "No Congo, Morrem Mil Pessoas por Dia. Porque é que isto não é notícia?"

Artigo interessante, mas o espaço força-nos a ter que escolher entre os diversos temas e aquele que realmente dominou a cobertura africana foi a questão da dívida.

E começamos, exactamente, com o editorial do "The New York Times" em que este sauda a decisão do grupo dos oito de perdoar a dívida a instituições mundiais de crédito por parte dos países pobres. No referido artigo afirma-se, como já fizemos referência, que muito está ainda por fazer, que ainda há uma montanha a subir.

O "The New York Times" exortou o presidente George W. Bush a fazer mais por África, na próxima cimeira do G-8, a realizar na Escócia:

O presidente Bush, que recebeu cinco líderes africanos democraticamente eleitos com a sua retórica habitual sobre a necessidade de se propagar a riqueza, a esperança e a oportunidade na região mais pobre do mundo, tem que ir para além dos clichés e tomar uma posição de peso na questão do aumento da ajuda África”.

O jornal "Los Angeles Times" escreveu também um editorial sobre a mesma questão em que exortou a um aumento da ajuda a África, mas em que afirmou que este apelo não significa passar um cheque em branco. Para o "LA Times", a administração Bush e outros países estão correctamente a tentar ligar a ajuda a África a questões de reformas económicas e de boa governação. Mas, acrescenta aquele diário, algumas das necessidades da África Sub-Sahariana são tão grandes que “transcendem a política”.

Acrescenta o "Los Angeles Times", numa referência à questão dos subsídios agrícolas pagos pelos países da Europa e pelos Estados Unidos aos seus produtores:

“O facto dos Estados Unidos e de outros países ricos não seguirem uma política de comércio justo em produtos agrícolas em nada ajuda esses países pelo que o G-8 tem que se voltar a comprometer em pôr termo a esses subsídios que vitimizam o mundo em desenvolvimento”.

O "Christian Science Monitor" fez notar que o acordo da eliminação da dívida significa que os contribuintes dos países dos G-8 vão ter que pagar oito mil milhões de dólares às instituições financeiras a quem os países estão endividados. Mas, o "CS Monitor" considera isso de um preço pequeno a pagar para se impedir África de resvalar ainda mais para a pobreza, para a doença e para o caos violento.

O "Monitor" acrescenta que," justificadamente, a nova ajuda vem com condições de boa governação e rede combate à corrupção fazendo notar que – citamos - muitos dos fundos de ajuda se perderam na corrupção e na má administração".

O jornal exortou, no entanto, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a liderarem os esforços para se aumentar a ajuda a África. Opinou o jornal:

Tal como estão a tentar levar os direitos cívicos e a democracia ao Médio Oriente, uma estratégia bem administrada para ajudar a África a manter o passo com o desenvolvimento económico do mundo serviria muito para reduzir os seus modelos de conflitos”.

O "Monitor" saudando a decisão de se perdoar a dívida de países africanos a instituições de crédito e exortando a uma maior ajuda a África. O editorial tem o título: "Blair e Bono Alcançam uma Vitória para África".

Antes de terminarmos, não podemos deixar aqui de fazer referência ao eco que a demissão do vice-presidente sul-africano, Jacob Zuma, por alegada corrupção mereceu nos principais jornais americanos.

Numa reportagem data de Joanesburgo, Michael Wines, do "NY Times" faz notar que Zuma representava a esquerda da aliança entre o ANC e o movimento radical do Partido Comunista. A sua demissão faz aumentar os rumores de uma divisão, observa Michael Weines:

O presidente Thabo Mbeki tem agora a tarefa delicada de manter a unidade dessa aliança ao mesmo tempo que o governo considera acusar formalmente um dos seus filhos favoritos”.

O correspondente cita ainda um analista como tendo dito que a demissão de Zuma é um exemplo clássico de como Estado deve funcionar”.

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