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Pessoas destituídas das suas casas


Calcula-se que o numero das pessoas destituídas das suas casas durante a chamada Operação Para Restaurar a Ordem,chega a mais de um milhão, pessoas essas entre as quais figuram crianças que passaram a dormir ao relento com os seus pais, e sem escolas, devido a ordens de evicção compulsória imposta pelo governo.

Como parte da sua missão de restaurar o esplendor antigo das cidades do país, as autoridades zimbabwianas viraram a sua atenção para as crianças da rua,levando-as presas para centros de detenção, internando-as em condições tais que algumas crianças conseguem escapar, conseguem escapar, regressando logo às ruas.

Algumas das crianças descreveram as suas experiências à Voz da América, sob condição de anonimato. Um dos fugitivos, um adolescente de 17 anos de idade, nunca chegou a ser internado no centro de detenção. Disse que quando foi preso pela policia, foi espancado e mantido sob prisão durante cinco dias sem alimentação. No quinto dia, afirmou ainda, desmaiou, tendo sido transportado, mas logo abandonado pela policia no hospital:

”...deram-me, está a dizer, algumas papas açucaradas, dizendo que devia comer para ter força. Quando me senti melhor, fui-me embora....”

O adolescente mostrou à Voz da América o seu cartão de tratamento no hospital onde disse ter-se identificado por um falso apelido, receando que o viessem por ele mais uma vez. O cartão não especifica também o tratamento que recebeu.

Um outro adolescente, de 13 anos de idade, disse que foi levado duas vezes para centros de detenção, donde escapou também duas vezes. Disse que os jovens eram acomodados com os adultos que tinham perdido as suas casas, destruidas pela policia, vivendo agora em tendas. Disse que recebiam alguma alimentação, mas que o tratamento foi mais do que podia suportar:

”...eram os espancamentos ...e o tratamento duro e injusto...que não podia suportar....”

Às organizações não-governamentais que assumem o cuidado pelo bem-estar das crianças, tem-lhes sido negado até agora o acesso e visitas às crianças nos centros de detenção. Um porta voz de uma das organizações que pediu anonimato, manifestou a frustração colectiva dos grupos de ajuda, quando disse:

”...até agora tem-nos dito que as crianças são levadas para uma propriedade agrícola que vai pelo nome Caledónia, mas não temos tido acesso ou autorização para visitar a localidade. Desconhecemos também a situação e o estatuto das crianças na propriedade, se estão a ser suficientemente alimentadas e se o resto das suas necessidades são satisfeitas, e mais o resto...”

Tentativas para obter declarações por parte do departamento dos serviços sociais do governo não resultaram.

Os responsáveis da UNICEF, que visitaram um dos centros descreveram as condições como assustadoras. A agência das Nações Unidas fornece os utensílios de cozinha, água potável, cobertores, materiais didácticos para as crianças.

Como parte das suas comemorações de uma semana do Dia da Juventude Africana, a televisão zimbabwiana tem transmitido as cerimonias de graduação dos membros do Serviço Nacional da Juventude. Críticos do governo condenaram o serviço zimbabwiano da juventude afirmando que os seus graduados são usados pelo Partido ZANU FRENTE PATRIÓTICA como milícias que vão aterrorizando os zimbabwianos comuns pelo país. O governo rejeita a acusação afirmando que o programa destina-se a inculcar patriotismo na juventude.

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