Cartazes eleitorais, websites políticos, apoiantes distribuindo panfletos do seu candidato. À primeira vista, Teerão, a capital do Irão, não parece diferente de qualquer outra cidade nas vésperas de um grande acto eleitoral.
Mas à medida que se aproxima o dia das eleições no Irão, há uma questão urgente que os iranianos enfrentam – se vão ou não votar.
O actual governo iraniano, formado depois da Revolução Islâmica de 1979, ainda procura legitimidade política em alguns quadrantes, onde se inclui os Estados Unidos, que tem confrontado o Irão sobre o seu programa nuclear e outros assuntos. O governo está a tentar usar essa tensão para aumentar o numero de pessoas a votarem.
Para alguns iranianos, a Revolução Islâmica de 1979 está assente em sentimentos anti-americanos, em grande parte baseada numa historia de intervenções estrangeiras no seu pais.
Para esses iranianos, os Estados Unidos não tem o direito de impedir o seu pais de produzir a sua própria energia nuclear. O assunto tem intensificado o orgulho nacional de muitos iranianos.
Muitos iranianos ainda estão preocupados de que a administração Bush venha a tomar uma posição mais dura contra o Irão, se o assunto nuclear não for resolvido diplomaticamente.
Os Estados Unidos cortaram relações diplomáticas com o Irão pouco depois da Revolução e as relações entre os dois governos tem flutuado entre a hostilidade e a indiferença.
Recentes sondagens apontam para uma baixa adesão as urnas dos 48 milhões de eleitores iranianos. Ali Golpour afirmou que não vai votar porque não conhece os candidatos.
O processo eleitoral na maioria dos países inclui um sistema partidário através do qual candidatos são excluídos. No Irão, contudo, não existe um tal sistema de partidos. Em vez disso existe o Conselho dos Guardiões.
O Conselho dos Guardiões é um órgão político conservador não eleito. Entre os seus deveres está o de decidir quem pode ou não pode concorrer a um cargo político ao abrigo da Constituição Iraniana. Nas presentes eleições presidenciais, o Conselho dos Guardiões reduziu o numero de candidatos de mais de mil para apenas oito.
Esse facto preocupa alguns eleitores iranianos, assim como observadores políticos da comunidade internacional.
Joe Stark, da Human Rights Watch, disse a propósito que, o problema é que as pessoas que foram autorizadas a candidatar-se à presidência da republica são oriundas dos círculos próximos do poder.
Da lista dos candidatos concorrentes, as sondagens mostram que o antigo presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani é o favorito.
Muitos eleitores estão desiludidos com a incapacidade do presidente Mohammad Khatami de implementar mudanças liberais como tinha prometido e por isso viraram-se para as posições centristas de Rafsanjani.
Os principais adversários de Rafsanjani são o candidato reformista Mostafa Moin que prometeu resolver o problema dos abusos de direitos humanos e o conservador Mohammad Baqer Qalibaf, um antigo comandante-geral da policia.
Se nenhum dos candidatos obtiver 50 por cento, haverá uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados na primeira volta.