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Médicos angolanos não querem trabalhar fora das grandes cidades


Foto de arquivo
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Sindicato responsabiliza o Governo pela situação por não criar condições para o acolhimento daqueles profissionais nas províncias

Em Angola, aumentam os casos de médicos que se recusam a trabalhar em zonas recônditas ou abandonam os seus postos de trabalho, preferindo a transferência para outras localidades.

Relatos chegam da Lunda Sul, Kwanza Norte e Kwanza-Sul e, como consequência, 18 profissionais viram os seus contratos anulados.

Médicos angolanos não querem trabalhar fora das grandes cidades – 2:35
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Isto acontece numa altura em que o Governo foi fortemente criticado por ter aprovado a contratação de médicos russos quando existém profissionais angolanos a queixarem-se de não conseguirem entrar para os quadros dos hospitais e centros médicos, ficando no desemprego.

Na província do Kwanza Sul, o governador Job Capapinha manifestou-se preocupado, no último fim de semana, com o fato de médicos colocados em hospitais locais deixarem de prestar serviços a coberto da justificação de frequentarem cursos de especialização, na capital do país ou no estrangeiro.

Capapinha, que falava durante um encontro com médicos de várias especialidades e com responsáveis do setor e administradores municipais, referiu que esse cenário faz com que a província tenha défice em assistência médica e medicamentosa e perca dinheiro com profissionais que não trabalham.

Dados do Governo indicam que a província do Kwanza Sul tem 133 médicos, dos quais 87 em formação.

No mês de Agosto, o Governo da província da Lunda Sul viu-se forçado a rescindir o contrato com 18 médicos, que foram admitidos no último concurso público por, supostamente, não terem sequer viajado à província, preferindo “ficar nas grandes cidades do país”.

O diretor local da saúde, Viegas de Almeida, disse à imprensa que em função dessa situação o número de médicos previstos para a província tinha reduzido de 49 para apenas 31 profissionais.

O presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola diz haver casos do género também no Kwanza Norte e debita culpas ao Governo que, supostamente, não cria as condições que permitam permanência dos profissionais contratados nos locais indicados.

Dr. Adriano Manuel, presidente do Sindicato Nacional dos Médicos
Dr. Adriano Manuel, presidente do Sindicato Nacional dos Médicos

“As casas na maior parte delas são de pau a pique, sem água nem luz. Então não se pode obrigar um médico a viver nessas condições”, exemplificou Adriano Manuel.

Aquele sindicalista acrescenta que a promessa de subsídios de isolamento prometidos pelo Governo ainda não foi satisfeita e admite que a recusa dos médicos possa ser extensiva a outras regiões do país.

A Voz da América tentou, sem sucesso, ouvir a versão da diretora para a Saúde Pública, Elga Freitas, que estaria ausente do país, segundo fonte do Ministério da Saúde.

Já a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elsa Gaspar, afirmou não conhecer nenhum dos casos relatados.

Dados oficiais apontam que Angola tem um total de 14 mil médicos registados na Ordem, entre angolanos e estrangeiros, para atender todos os habitantes, estimados em cerca de 33 milhões.

O Presidente da República autorizou recentemente a contratação de médicos russos para as diversas unidades hospitalares e para formação de especialistas angolanos.

Com base na decisão presidencial, o Ministério da Saúde deve receber 26,5 milhões de dólares, que vão permitir Silvia Lutucuta assinar o correspondente contrato, por ajuste directo, para a aquisição de prestação de serviços médicos diferenciados e de formação de até 341 médicos especialistas.

O Sistema Nacional de Saúde e a Rede Sanitária, actualmente, compreendem 2.644 unidades sanitárias, das quais 15 hospitais nacionais, 25 hospitais provinciais, 45 hospitais gerais, 170 hospitais municipais, 442 centros de saúde, 67 centros materno-infantis, 1.880 postos de saúde e 37 outras infra-estruturas afins.

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