A pesquisadora da organização Observatório do Meio Rural (OMR), Mariamo Abas, diz ser abstracto afirmar que 90 por cento de moçambicanos tem três refeições por dia, se as mesmas não forem as mais adequadas.
Abas reagia à afirmação do ministro moçambicano da Agricultura, no Parlamento, de que “90 por cento da população moçambicana consegue satisfazer as suas necessidades mínimas calóricas””.
A pesquisadora disse que a afirmação de Celso Correia foi em virtude de um relatório sobre segurança alimentar pós-colheita, publicado recentemente.
Ele referiu que, pela análise feita pelo OMR, conclui-se que 50% da população moçambicana pode ser considerada em situação de insegurança alimentar aguda, cerca de 40% da população encontra-se numa situação de insegurança alimentar aguda de estresse, e 10% da população apresenta níveis elevados de insegurança alimentar aguda.
Mariamo Abas, que é também coordenadora da Linha do Ambiente no OMR, disse ser discutível a questão das proteínas apontadas pelo ministro da Agricultura.
“As calorias medem o nível de energia, e se nós consumirmos apenas milho, dependendo da quantidade consumida, podemos atingir um nível de calorias que desejamos para aquele dia, mas isso não quer dizer que a pessoa esteja a ter uma alimentação minimamente adequada, é preciso incluir micro e macronutrientes,” disse.
Por outro lado, aquela pesquisadora interrogou-se o que são três refeições diárias, sublinhando que “um individuo até pode ter cinco refeições, mas se cada uma dessas refeições for composta por uma mandioca ou uma banana, será que essa pessoa tem uma alimentação adequada?”
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