Alguns analistas económicos e sociais em Moçambique dizem que, enquanto não forem eliminados os factores que mais influenciam a subida pobreza, entre os quais o aumento não controlado da natalidade, o baixo rendimento agricola e a fraca qualidade do ensino, o número de pessoas pobres vai continuar a subir no país.
O Banco Mundial (BM) diz que os níveis de pobreza em Moçambique continuam altos, referindo que em 1996, cerca de 96 por cento da população era pobre, cifra que em 2015 mudou para 65 por cento, uma avaliação com a qual o economista João Mosca não está de acordo.
Para aquele economista, o BM analisa apenas em termos de percentagem da população em situação de pobreza, mas diz que se avaliação fosse em termos da quantidade de moçambicanos pobres, a conclusão seria um pouco mais grave, na medida em que o número de pobres continua a subir.
Mosca anota que ”isso acontece porque ainda não existem resultados sobre quais são os factores que mais influenciam a subida da pobreza” e acrescenta que esses factores são a baixa produtividade na agricultura da maior parte dos pequenos produtores, a criação de empregos, sobretudo no meio rural e o crescimento demográfico muito alto.
O impacto das "dívidas ocultas"
Para aquele economista, outro factor é a educação, destacando que embora em termos quantitativos, o número de pessoas em escolas esteja a aumentar significativamente, “mas a qualidade de ensino é muito ma, as infraestruturas são muito más e, sobretudo, depois da finalização de cada um dos graus escolares, as pessoas não têm emprego.
“Se não houver medidas que reduzam esses factores a pobreza em Moçambique, sobretudo a pobreza rural irá aumentar em numero de pessoas pobres, embora possa reduzir em termos de percentagem de pessoas pobres”, conclui João Mosca.
Entretanto, o sociólogo Francisco Matsinhe entende que estes factores são importantes, mas o que agravou a situação da pobreza nos últimos anos foi o escândalo das dívidas ocultas, o que fez com que Moçambique deixasse de ter apoios da comunidade internacional.
Matsinhe considera que a prevista retoma económica, resultante do inicio das exportações de gás natural liquefeito e do reinicio das actividades do projecto da TotalEnergies, poderá contribuir para a redução dos níveis de pobreza em Mocambique.
Fonte do Governo reconhece que produtividade é baixa
Mas para o economista Castro Camarah, no contexto da luta contra a pobreza e do desenvolvimento inclusivo, são necessárias políticas que aliciem aqueles que vivem no meio rural, sobretudo os jovens, a envolverem-se em toda a cadeia de valor da produção agrária.
O Governo reconhece que a produtividade agrícola é baixa e diz que a produção agrícola é maioritariamente dominada pelos pequenos produtores camponeses, de pequena escala e de pouca tecnologia, para além de que são produtores dispersos, o que dificulta o processo de assistência.
“É difícil prestar apoio a cerca de quatro milhões de camponeses dispersos”, reconhece uma fonte governamental que não quis se identificar.
O economista do BM Fiseha Haile disse no passado dia 3 em Maputo, ao apresentar um relatório sobre Moçambique, a economia nacional cria quase 25 mil empregos no sector formal, mas a demanda de emprego é muito alta.
Entretanto, o número de pessoas que entram no mercado laboral em Moçambique, a cada ano, é de 500 mil, uma enorme diferença entre a oferta de emprego e a procura.
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