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Jornalismo em Angola teve avanços mas há agora recuos, dizem os profissionais


Jornalistas angolanos na cobertura das eleições gerais de 24 de Agosto, Luanda. 24 Agosto, Angola.
Jornalistas angolanos na cobertura das eleições gerais de 24 de Agosto, Luanda. 24 Agosto, Angola.

As dificuldades de acesso às fontes, a ausência de pluralidade de informação e de liberdade de imprensa, assim como o desrespeito ao trabalho dos profissionais, a má remuneração e a falta de estratégia para capacitação permanente dos profissionais são alguns dos actuais desafios da classe jornalística.

Os avanços e recuos do jornalismo em Angola - 20:17
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Nos últimos anos tem se registado um recuo no que concerne as liberdades e garantias do exercício do jornalismo. Para o jornalista da Rádio LAC, Manuel Augusto, ainda há uma longa trajetória a percorrer rumo a um exercício livre e democrático da profissão, “se olharmos para o caso mais recente que aconteceu na província de Benguela onde um jornalista da Agência Angolana de Notícias, José Osório, foi agredido por agentes da ordem pública quando intervinha a favor de vendedeiras ambulantes escorraçadas”, refere o Jornalista Manuel Augusto.

Actualmente o jornalismo angolano tem estado a conquistar mais e melhores liberdades, afirma o Jornalista José Magalhães para quem isto se traduz nos ganhos de melhor liberdade dos profissionais. Mas tem as suas lacunas e uma delas é a ausência de formação académica e de potencialização dos profissionais.

«Precisamos da formação superior. Precisamos potenciar o nosso próprio conhecimento individual e na área em que estamos especializados. Mas isto não retira ao jornalista a possibilidade de fazer o seu trabalho com isenção, rigor e profissionalismo»., disse

A pluralidade de órgãos de informação contribui significativamente para promoção da qualidade do jornalismo. Para o jornalista Victória Maviluka o reduzido número de órgãos de comunicação social periga a pluralidade da informação e consequentemente a qualidade do serviço público prestado à sociedade.

O Jornalista acredita que “a concorrência de órgãos de comunicação gera qualidade”.

Desafios e oportunidades

José Magalhães olha para os jornalistas como cientistas sociais com olhar atento e desapaixonado sobre os factos sociais. Entre desafios e oportunidades, o jornalista da Rádio Global chama atenção para se pôr fim a vulnerabilidade no seio da classe jornalística e, para o uso correcto das redes sociais e a favor da profissão.

Nos últimos anos o Estado chamou para si a tutela de vários órgãos de comunicação social privados, no âmbito do processo de recuperação de activos e fundos criados com capital do Estado.

Esta nova realidade põe em questionamento a isenção, a sustentabilidade e a estabilidade dos profissionais, segundo afirmação do jornalista para quem um dos grandes desafios actuais é sustentabilidade financeira dos órgãos e dos jornalistas para que estes desempenhem a profissão sem dificuldades, com zelo, isenção e dedicação.

Isto, na visão do jornalista, evitaria o actual fenómeno de migração dos jornalistas para a assessoria de imprensa e outras profissões em busca de melhores condições de vida.

«O nosso grande problema no fundo são investimentos que possam garantir a sustentabilidade dos órgãos e com isto dos jornalistas para que exerçam a profissão sem sobressaltos», disse

Tem havido um grande empenho dos jornalistas para mediação e de forma acutilante denunciar os problemas sociais. Com isto se nota uma certa aproximação entre o Governo e a imprensa, diz o Jornalista Manuel Augusto para quem este quadro ainda não satisfaz.

As fontes de informação oficiais não se sentem ética e juridicamente obrigados a obrigados a prestar informação aos jornalistas, por isso José Magalhães pede disponibilidade dos Governantes e chama atenção para a necessidade se melhorar a relação entre os membros do Executivo e a imprensa.

Por sua vez o jornalista Victória Maviluka, vencedor do Prémio Nacional de Jornalismo edição 2022 na categoria de imprensa, refere que o acesso ás fontes de informação é um problema histórico do país, por isso apela a continuidade da luta e do trabalho árduo pelo interesse público.

Maviluka venceu o prémio nacional de jornalismo na categoria imprensa com a peça “Todos pelos mangais, não importam as divergências”.

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