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Frelimo: Os "sapos" de Filipe Nyusi


Joaquim Chissano, antigo Presidente da Frelimo (dir), entrega os símbolos do partido a Filipe Nyusi, reeleito presidente da Frelimo (esq)
Joaquim Chissano, antigo Presidente da Frelimo (dir), entrega os símbolos do partido a Filipe Nyusi, reeleito presidente da Frelimo (esq)

Analistas entendem a figura de estilo usada pelo antigo Presidente Joaquim Chissano como um apelo ao diálogo com todas as sensibilidades do partido

O antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, ao intervir após a reeleição de Filipe Nyusi para o cargo de presidente da Frelimo, disse que este, em algum momento, terá que saber engolir sapos, reiterando algo que o antigo estadista já falou antes sobre negociações.

"Filipe Nyusi vai ter que aceitar engolir sapos vivos se Moçambique não quiser encontrar outras guerras no caminho à sua frente, porque uma das razões de o país sempre se deparar com conflitos é porque a Frelimo tem muitas dificuldades em dialogar com os outros", diz o jornalista e analista político Fernando Lima.

Para Lima, "esta é uma mensagem para o futuro e significa que temos que avançar para a reconcialização", sublinhando que é preciso haver condições, compreender os antagonistas do Presidente Filipe Nyusi, e este é um caminho sinuoso.

Contudo, aquele analista político considera que a afirmação não significa que "estamos numa fase de estar na mesa com as pessoas que fazem guerra em Cabo Delgado, mas que é preciso conhecer melhor o inimigo, sabermos os seus contornos, dentro desta perspectiva, procurarmos caminhos que possam, de algum modo, resolver este conflito".

Ele anota ainda que "a Frelimo nestas coisas de negociação é muito conservadora, não gostou que o Presidente Nyusi falasse com Afonso Dhlakama, também não gostou da entrada de tropas internacionais em Moçambique, mas o que é certo é que as nossas Forças Armadas não estavam preparadas resolver este conflito".

Lima é da opinião de que o processo de reconciliação, sobretudo com a Renamo, "não está bem encaminhado, e o Presidente Nyusi compreende estes desafios, há pessoas dentro da Frelimo que gostariam de ter uma dinâmica de vitória, isso é uma mentira, a Frelimo e o Governo não ganharam a guerra à Renamo".

O jornalistas acrescenta que "o que o Presidente Chissano estava a dizer é reconciliação, se não queremos encontrar outras guerras no caminho à nossa frente, e uma das razões porque sempre nos deparamos com conflitos, é porque a Frelimo tem muitas dificuldades em dialogar com os outros".

Já o analista político Manuel Alves entende que a mensagem do Presidente Chissano peca por tardia, porque o Presidente Nyusi logo que assumiu o poder "já tinham perfilado muitos sapos para engolir, e no meu entender, o apelo do antigo estadista não é no sentido de se negociar com os insurgentes em Cabo Delgado".

"Para mim", sublinha aquele analista político, a mensagem é no sentido de Filipe Nyusi engolir sapos vivos na solução de questões internas do partido, porque é notório, a alho nu, que existem assuntos sérios que devem ser discutidos internamente para que não sejam de domínio público".

Alves recorda, por exemplo, o difícil relacionamento entre Nyusi e o antigo Chefe de Estado, Armando Guebuza.

"Nyusi, sabendo engolir sapos vivos internos, ou seja, da própria Frelimo, saberá, naturalmente, gerir tudo o resto à sua volta, incluindo o conflito em Cabo Delgado", conclui Manuel Alves.

Filipe Nyusi foi reeleito presdiente da Frelimo com 100 por cento dos votos no 12º. Congresso que termina amanhã, 28.

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