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Presença ruandesa em Moçambique: Analistas defendem transparência


Paul Kagame, Presidente do Ruanda, e Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, Pemba, Moçambique, 25 Setembro 2021
Paul Kagame, Presidente do Ruanda, e Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, Pemba, Moçambique, 25 Setembro 2021

União Europeia reconhece papel do Ruanda em estabilizar a situação no norte de Moçambique

Analistas políticos moçambicanos dizem ser pacífico que a União Europeia (UE) queira ter uma maior cooperação com o Ruanda nas áreas de segurança e defesa, por reconhecer os "esforços" do país em estabilizar o norte de Moçambique, mas defendem que Maputo seja mais transparente nesse processo e Kigali respeite os direitos humanos.

Autoridades da UE reconheceram os esforços “consideráveis” de Kigali para ajudar a estabilizar a situação de segurança em Moçambique e na República Centro Africana.

Presença ruandesa em Moçambique: Analistas defendem transparência
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O jornalista político Fernando Lima diz que, relativamente a Moçambique, isso é verdade, "porque há um progresso assinalável nas operações em Cabo Delgado e esse progresso só foi possível graças a uma contribuição vital das forças ruandesas".

Contudo, para aquele analista político, é incontornável a preocupação, quer da comunidade ruandesa refugiada em Moçambique, quer da própria sociedade moçambicana, em saber se as "pessoas que desapareceram ou foram assassinadas recentemente, são alvo de esquadrões da morte ruandeses ou há quaisquer outros motivos que expliquem essas situações".

O investigador social e analista político Borges Namire entende que Moçambique pode pedir apoio à luta contra o terrorismo, mas isso deve ser feito com toda a transparência.

Ele anota que, no caso da SADC, "nós sabemos que os Estados membros aprovaram um orçamento para a sua força estacionada em Cabo Delgado, mas no caso do Ruanda, quem vai pagar?", interrogou-se.

Refira-se que as autoridades moçambicanas têm reiterado que o Ruanda não pediu qualquer recompensa pela presença do seu contingente em Cabo Delgado.

A outra questão importante que, na opinião de António Timba deve ser explicada aos moçambicanos é "quando é que os ruandeses vão sair de Moçambique".

Por seu turno, o sociólogo e analista político Moisés Mabunda afirma que, mesmo que os ruandeses saiam, poderá permanecer em Moçambique uma força residial para proteger o projecto da Toral em Afungi porque o exército moçambicano ainda não está preparado para enfrentar a situação de terrorismo em Cabo Delgado.

"Infelizmente, nós como moçambicanos, pode-nos custar ouvir isto, mas o exército ruandês está, tecnicamente, mais preparado do que o nosso; o nosso exército precisa de muita preparação e de muita formação", realça.

Neste momento, está em curso em Moçambique uma Missão de Formação da União Europeia destinada a preparar tropas moçambicanas para combater em Cabo Delgado, sem ligação directa entre a UE e as tropas de outros países no terreno - no caso, do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

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