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Países vizinhos questionam seriedade do Governo de Moçambique no combate à insurgência


Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, assume presidência da SADC, Maputo, 17 agosto 2020
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, assume presidência da SADC, Maputo, 17 agosto 2020

Analistas questionam presença de tropas estrangeiras no país e resposta de Maputo

A publicação Daily Maverick, citando um oficial da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral ( SADC) diz que durante a recente cimeira da Comunidade, o Governo de Moçambique apresentou alguns elementos de um plano de resposta regional à insurgência, mas que requer mais informações detalhadas.

Países vizinhos questionam seriedade do Governo de Moçambique no combate à insurgência
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Alguns analistas dizem que o Executivo de Filipe Nyusi, ao prescindir do apoio da SADC no combate à insurgência em Cabo Delgado, quer evitar dar protagonismo a tropas estrangeiras no território nacional, mas outros consideram que essa ajuda é fundamental porque o país não está a conseguir conter os ataques, numa altura em que alguns Estados da região começam a questionar a seriedade de Moçambique relativamente a este assunto.

De acordo com aquela publicação, outros governos da África Austral começam a perguntar-se até que ponto o Governo de Maputo é sério em relação à busca de ajuda na luta contra a crescente insurgência islâmica em Cabo Delgado, acrescentando que o Presidente Filipe Nyusi nem se preocupou em participar na cimeira de Gaberone, no Botswana, no passado dia 27, para discutir esta matéria.

Em vez disso, Nyusi enviou o ministro da Defesa nacional, Jaime Neto, que apresentou aos líderes regionais uma lista de compras de equipamento militar que Moçambique precisa para combater os insurgentes e não um plano coerente.

Para alguns analistas, o plano coerente exigido, seria, eventualmente em termos de tropas a enviar para Moçambique.

O analista Borges Namire considera que isso depende muito do tempo e da intensidade dos ataques, afirmando que se estes durarem muito mais tempo Moçambique vai ter que aceitar tropas estrangeiras.

"Esta é uma decisão que deve ser tomada com muita cautela, penso que Moçambique pode pedir ajuda em determinadas áreas, como controlo da fronteiras e recolha de informações, mas ter forças militares, no terreno, a combater, isso exige ponderação e um debate muito mais alargado", avança aquele analista.

Moçambique tem um histórico de intervenção de forças armadas da Tanzânia e do Zimbabwe que apoiaram na luta contra a Renamo, o apartheid e o regime rodesiano de Ian Smith.

Em alguns círculos de opinião, inclusive do próprio Executivo, afirma-se que este histórico deve ser evitado.

O analista Calton Cadeado é defensor deste ponto de vista porque, diz, "é difícil de controlar, sobretudo quando o compromisso for para colocar muitas tropas estrangeiras no solo moçambicano.

“Eu penso que Moçambique quer evitar dar protagonismo a forças estrangeiras no país", conclui.

Contudo, para o analista Adriano Nuvunga, " a intervenção da SADC em Cabo Delgado é urgente porque Moçambique não está a conseguir deter o avanço e a consolidação da insurgência militar islâmica naquela província".

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