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Apoiantes de Trump e Biden fazem leituras diferentes do debate "caótico"


Joe Biden e Donald Trump no debate
Joe Biden e Donald Trump no debate

O debate entre os candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Joe Biden, na terça-feira, 29, continua a receber nota negativa da maioria dos observadores e eleitores, que o consideram o pior de sempre.

Caos e acusações dominaram o frente-a-frente, com a comissão que promove e gere os debates a prometer tomar medidas para evitar que o mesma cenário se repita nos dois debates de outubro.

"O debate de ontem evidenciou que é preciso mais estrutura no formato dos debates restantes para garantir uma discussão mais ordenada dos temas", afirmou a comissão em comunicado, que discute, entre outras medidas, a possibilidade de o moderador desligar o microfone de um candidato enquanto o outro intervém.

Um levantamento da imprensa mostra que Trump interrompeu Biden 77 vezes, enquanto o democrata fez o mesmo 22 vezes e, em muitos momentos, não conseguiram terminar as suas frases e propostas.

Apoiantes seguem seus candidatos

Entre os apoiantes, as posições divergem-se com cada um a destacar a prestação do seu candidato.

Tó Faria
Tó Faria

Tó Faria, cabo-verdiano radicado nos Estados Unidos há 40 anos e que se considera conservador cristão, também é de opinião que foi “o pior debate” que assistiu até hoje, mas considerou que, “ao contrário do que dizem os que odeiam Trump, quem faltou ao respeito foi Biden”.

No entanto, admite que esperava uma pior prestação do candidato democrata, sobre o quem as expetativas “eram mínimas”.

“Ele tem estado com problemas de coordenar as frases, esquece muito, confunde os números”, afirma Faria, que, admite ter pensado que ele poderia não terminar o debate, mas “foi até o fim”.

O moderador Chris Wallace também não esteve bem, segundo Faria, porque sempre que por algum motivo havia interrupções “ele retomava dando a palavra a Biden (…) um trabalho péssimo”.

Eleições Americanas: Análise do primeiro debate Trump v Biden
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Quanto ao candidato da sua preferência, aquele empresário, investigador e escritor reconhece que interrompeu muitas vezes e que “começou o debate nervoso, mas depois acabou por conseguir um meio termo na forma como ele reagiu”.

Ao contrário dos que odeiam Trump e que dizem que “ele não tem classe”, Faria aponta que “quem não teve classe ontem foi Biden, quando o chamou de mentiroso, num caso que ainda está a ser investigado pelo FBI, portanto não está a mentir, da corrupção que envolve o filho do Biden, chamou-o de palhaço, portanto, os insultos vieram do Biden”.

Em jeito de remate, na conversa com a VOA, Faria lembra o pai dele “que dizia que quem tem de usar insultos para ganhar o argumento, é precisamente quem perdeu o argumento”.

Quantos às matérias, aquele conservador considera que Trump apresentou as suas propostas que, na verdade, estão a favor dos americanos e dos Estados Unidos.

Tó Faria analisa debate Trump-Biden - 4:00
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A VOA também falou com Diniz Borges, moderador do grupo Americano-Portugueses Progressistas, que apoia Joe Biden, que também começa por dizer que “foi um debate extremamente caótico, muito crispado e repleto de ataques pessoais”.

Diniz Borges
Diniz Borges

"O Presidente infelizmente concentrou-se simplesmente em agradar a sua base eleitoral, insistindo em por em causa, mais uma vez, as capacidades de Biden”, acrescenta Borges, para quem o democrata esteve “muito melhor”.

“Soube ter uma presença extremamente presidencial, apesar de também ter entrado no despique que foi provocado várias vezes por Donald Trump e não resistiu e apelidou Trump de palhaço e racista, o que talvez não foi um momento muito alto”, admite aquele residente na Califórnia.

Outro aspeto realçado por aquele democrata foi o fato de o Presidente não ter condenado os supremacistas brancos.

“Na verdade, o Presidente teve muitas oportunidades para se distanciar dos xenófobos deste país e não o fez, foi um reforço das posições da extrema direita de Donald Trump, que ele tem namorado de uma forma ou doutra ou insistindo directamente”, acusa Diniz Borges, considerando que “Biden esteve no seu melhor quando se dirigiu diretamente às câmaras televisivas e ao povo americano e falou da pandemia e questionou a desastrosa gestão do atual presidente ou a falta da mesma”.

Diniz Borges analisa debate Trump-Biden - 2:00
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Trump e Biden clamam vitória

No regresso à campanha, hoje, tanto Donald Trump como Joe Biden declararam-se vitoriosos no debate.

Presidente Trump desembarca em Maryland depois do debate
Presidente Trump desembarca em Maryland depois do debate

“Achei ótimo o debate de ontem à noite, uma noite emocionante”, afirmou o Presidente aos jornalistas ao viajar para Minnesota, um Estado que perdeu em 2016 e no qual as sondagens o colocam atrás do adversário.

Por seu lado, Joe Biden iniciou uma viagem de comboio por Pensilvânia e Ohio, dois Estados importantes, ganhos pelo republicano há quatro anos, mas que, de acordo com as pesquisas de opinião, inclinam a votar agora no antigo vice-presidente democrata.

Joe Biden inicia viagem por Pensilvânia e Ohio
Joe Biden inicia viagem por Pensilvânia e Ohio

Refira-se que Trump e Biden voltaram a debater a 15 de outubro, em Miami, na Flórida, com perguntas de eleitores presentes audiência, e a 22 de outubro, em Nashville, Tennessee, o frente-a-frente será no formato de hoje.

Os candidatos à vice-Presidência, Mike Pence e Kamala Harris, protagonizarão um debate a 7 de outubro emSalt Lake City, Utah.

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