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Mocímboa da Praia com ruas grafitadas com referências ao Estado Islâmico


Rua de Mocímboa da Praia, Moçambique
Rua de Mocímboa da Praia, Moçambique

As principais estradas de asfalto na vila de Mocimboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, foram grafitadas com palavras de ordem por insurgentes, que sugerem a intenção de impor um estado islâmico.

Mocímboa da Praia com ruas grafitadas com referências ao Estado Islâmico
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A vila transformada numa cidade fantasma desde a invasão a 27 de Junho - o terceiro ataque e ocupação da vila - tem as ruas grafitadas com palavras de ordens em inglês, defronte dos edifícios do Governo, disse à VOA os moradores que sobreviveram aos ataques.

Rua de Mocímboa da Praia
Rua de Mocímboa da Praia

Palavras como “Al-shaabab tomorrow again” e “Islamic State” estão escritas na rua onde está implantado o Governo distrital e o quartel das forças governamentais, com letras pretas, vermelhas e azuis, características das bandeiras içadas pelo grupo durante a invasão da vila.

“A vila está irreconhecível. Nos bairros 30 e Muengue onde houve bombardeios e o maior confronto entre os al-Shaabab e esses do Governo (Forças de Defesa e Segurança) continuam de luto e corpos a serem encontrados até hoje”, disse um morador local à VOA.

Quase duas semanas após a terceira invasão e ocupação dos insurgentes a Mocímboa da Praia, desde o início da insurgência em outubro de 2017, a vila está com todo o governo encerado e com o comércio formal e informal paralisado devido a fuga massiva da população.

“Todos os mercados, lojas, hospital, escola secundária, igreja católica e residências de empresários foram vandalizados por insurgentes”, disse outro morador de Mocímboa da Praia, que descreve um cenário de “total destruição”.

“Esta foi a guerra (o combate) mais renhida”, acrescentou, sustentando que várias raparigas estão desaparecidas, supostamente raptadas por insurgentes.

Relatos dos moradores dizem que os insurgentes, que ainda controlavam as principais entradas e saídas de Mocímboa da Praia, continuavam nas cercanias da vila até sexta-feira, 3, tendo mudado de táticas de ataques ao centro urbano, que passaram a ser à noite e de madrugada.

Em bairros como Milamba, Nandota e Nacala, contaram os moradores, ainda haviam pessoas por enterrar até na segunda-feira, 6, quando também era possível ver mais população a deixar a vila para Awasse, e depois para Mueda.

Vídeos postos a circular nas redes dois dias após o ataque mostravam pelo menos oito insurgentes mortos, amontoados numa tenda militar, com várias perfurações de balas.

Uma fonte militar disse nesta quarta-feira, 8, que, no ataque do dia 27, pelo menos 12 membros das Forças de Defesa e Segurança sofreram ferimentos graves, sendo oito da Marinha, cujo comandante foi morto, e quatro da Unidade de Intervenção Rápida (UIR).

Ontem, em entrevista à cadeia televisiva STV, o edil de Mocímboa da Praia, Calors Momba, disse que as infraestruturas estão todas destruídas.

"Durante três dias os homens ocuparam Mocímboa da Praia e a população está a sair em massa, até agora, nenhum serviço está a funcionar, tudo parou, nenhuma infraestrutura do Governo está a funcionar, todas foram vandalizadas”, avançou o edil, que, no entanto, afirmou que a "situação está controlada" agora e pediu às pessoas para regressarem às suas casas.

Desde outubro de 2017, insurgentes têm atacado várias aldeias e vilas na província de Cabo Delgado, deixando mais de 500 mortos e mais de mil e 500 deslocados.

Nos últimos meses, as Forças de Defesa e Segurança têm ripostado os ataques.

Dados atualizados do Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED na sigla inglesa) indicam que a insurgência em Cabo Delegado já matou 1.100 pessoas e forçou 211 mil deslocados.

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