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Produção literária angolana não é acompanhada pela crítica, diz jornalista Cláudio Fortuna


Angola, capa do livro de José Luís Mendonça "Reino das Casuarinas", Junho 2014
Angola, capa do livro de José Luís Mendonça "Reino das Casuarinas", Junho 2014

Para o jornalista a crítica sobre a produção literária angolana faz-se mais na diáspora “o que devia ser ao contrário”, disse.

A produção literária angolana nos últimos tempos não tem sido acompanhada pela crítica, o que influencia na sua qualidade, embora os especialistas digam que apesar disto esteja a trilhar os melhores patamares.

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Quem assim defende é o Jornalista, Urbanista e Antropólogo Cláudio Fortuna, autor da Obra “Reencontro com as literaturas africanas de expressão portuguesa”, um conjunto de entrevistas feitas à especialistas em literaturas africanas.

Inspirado pela obra “Angola e o encontro com os seus escritores” de Michel Laban, Cláudio Fortuna fez a apresentação oficial da sua obra literária «Reencontro com as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa» em Abril deste ano na Universidade de São Paulo, Brasil.

O livro resulta de um conjunto de entrevistas feitas pelo Jornalista, Urbanista e Antropólogo a três escritores consagrados e 32 especialistas em Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa.

Cláudio Fortuna pretende que a obra seja uma homenagem a Michel Laban por ter sido um dos mais antigos estudiosos da Literatura Africana de Língua Portuguesa na Europa, em França particularmente.

Fortuna esclarece que a homenagem à Michel Laban, escritor e docente universitário, francês de naturalidade e argelino de origem, foi motivada pela sua dedicação ao pormenor à literatura angolana.

“Michel Laban se dedicava à nossa literatura. Ele antes de morrer, em 2008, estava a trabalhar num dicionário sobre o desvio do português falado em Angola e outro sobre o português falado em Moçambique”.

Michel Laban despertou interesse pela história e a Literatura angolana devido as várias entrevistas que lhe foram concedidas por Mário Pinto de Andrade, antes da sua morte.

Nomes de catedráticos como Salvato Trigo, Professor Doutor e decano dos professores de literatura em Portugal e Magnífico Reitor da Universidade Fernando Pessoa, o Professor Pires Laranjeira, da Universidade de Coimbra, director de mestrado em Literatura nessa Universidade, Inocência da Mata da Universidade de Lisboa fazem parte do leque de entrevistados.

Entre os especialistas angolanos em literatura constam entrevistas dos Professores Manuel dos Santos Lima, José Carlos Venâncio, Francisco Soares, Manuel Muanza, Petelo Nguinamu Fidel,Vice Decano para os Assuntos Científicos da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, Abreu Paxe, escritor e professor de Instituto Superior de Ciência da Educação, o Mestre em Ensino das Literaturas em Língua Portuguesa António Quino entre outros responderam as questões que resultaram no “Reencontro com as literaturas africanas de expressão portuguesa;

A obra expressa também as diferentes de opiniões dos distintos académicos sobre o estado das literaturas africanas portuguesas, a produção literária em termos de qualidade e o conteúdo, bem como a crítica literária em Angola.

As respostas dos especialistas são quase transversais “há boa produção, mas falta a crítica”.

Cláudio Fortuna lamenta que a produção da literatura em Angola não seja acompanhada pela crítica.

Para o jornalista a critica sobre a produção literária angolana faz-se mais na diáspora “o que devia ser ao contrário”, disse.

Fortuna julga que os especialistas que deviam se dedicar à crítica literária em Angola demitiram-se das suas funções. Para o também Antropólogo a ausência da crítica incisiva e dinâmica não se nota apenas na literatura, mas é transversal às artes no sentido geral, pelo que apela aos recém-formados em letras e em artes que invistam neste campo.

A ausência do realismo em muitas obras literárias que se publicam, segundo Cláudio Fortuna, não é um caso isolado de Angola devido ao actual contexto social e político, diferente de outros tempos que inclusive inspiraram e motivaram o combate contra o colonialismo.

A obra editada pela Kiron, editora brasileira, comporta 235 páginas e teve uma tiragem de dois mil exemplares.

Já foi apresentada em Luanda em Maio deste ano e há, segundo o autor, um projecto para sua apresentação e divulgação a nível nas universidades com os cursos de letras nas restantes províncias de Angola.

O livro “REENCONTRO COM AS LITERATURAS AFRICANAS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA” poderá ser traduzido para a língua francesa.

O autor da obra contou com o apoio do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo.

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