As manifestações que acontecem em todo o mundo mostram que, apesar do progresso sem precedentes contra pobreza, fome e doenças, muitas sociedades continuam a enfrentar problemas que têm um denominador comum: as desigualdades.
A conclusão é do Índice de Desenvolvimento Humano de 2019 (IDC) lançado nesta segunda-feira, 9, na Colômbia pelas Nações Unidas.
A pesquisa destaca uma nova geração de desigualdades, em torno da educação, tecnologia e mudanças climáticas, e alerta que podem criar "uma grande divergência" como não acontece desde a Revolução Industrial.
Em termos dos países de língua portuguesa, a situação em Angola, Brasil e Guiné-Bissau piorou em relações ao ano anterior, enquanto Cabo Verde e São Tomé e Príncipe melhoraram, ao mesmo tempo que Moçambique manteve-se nos dos últimos lugares da tabela.
Angola, que integra a categoria de países de desenvolvimento humano médio, caiu dois lugares, de 147 para 149.
Guiné-Bissau e Moçambique continuam no grupo dos países com baixo desenvolvimento humano, com o primeiro a deixer um lugar 177 para 178 e Moçambique, o pior lusófono, a manter-se na 180ª posição, num universo de 189 países.
Brasil, considerado de desenvolvimento alto, caiu da posição 78 para 79.
Em sentido contrário, Cabo Verde, que integra o grupo de países com desenvolvimento humano médio, subiu dois lugares (128 para o 126), enquanto São Tomé e Príncipe passou do 138 para 137.
O país melhor colocado é Portugal, ao manter a 40ª posição, na categoria de países de desenvolvimento muito alto.
Os dados indicam que Portugal, o único lusófono no grupo de países de desenvolvimento muito alto.
"A nova face da desigualdade."
O IDC é liderado pelo Noruega, seguida da Suíça, Irlanda e Alemanha, e na última posição está o Níger, antececida da República Centro-Africana e Sudão do Sul.
O estudo estima que, em 2018, cerca de 20 por cento do progresso do desenvolvimento humano foi perdido devido às desigualdades.
O administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) disse em nota que "diferentes motivos estão levando as pessoas às ruas, como o custo de uma passagem de trem, o preço da gasolina, a exigência de liberdades políticas e a procura de justiça".
Para Achim Steiner, "esta é a nova face da desigualdade."
Em países com desenvolvimento humano muito alto, por exemplo, as assinaturas de internet de banda larga crescem 15 vezes mais rápido do que em países com baixo desenvolvimento humano e quanto à proporção de adultos com ensino superior ela aumenta seis vezes mais rápido.
A distribuição desigual de educação, saúde e padrões de vida também impede o progresso dos países.
O relatório estima que, em 2018, cerca de 20 por cento do progresso do desenvolvimento humano foi perdido devido às desigualdades.
De acordo com a ONU, os últimos anos foram marcados por disparidades no acesso à ciência, tecnologia e inovação.
O relatório refere que, a manterem-se as tendências atuais, serão necessários mais de 200 anos para eliminar a diferença de oportunidades económicas entre homens e mulheres.