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É ainda relevante dialogar com o chefe da Junta Militar da Renamo, sugerem analistas


Mariano Nhongo, líder dos guerrilheiros da Renamo contra Ossufo Momade
Mariano Nhongo, líder dos guerrilheiros da Renamo contra Ossufo Momade

O diálogo é a melhor solução para o conflito militar na zona centro de Moçambique, porque através da via militar, as causas desse conflito podem não ser eliminadas, dizem analistas.

Esta posição surge em reação ao facto de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ter rejeitado a imposição de pré-condições pelo chefe da Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, para aderir ao processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR).

É ainda relevante dialogar com o chefe da Junta Militar da Renamo, sugerem analistas
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O analista político Raúl Domingos diz haver o que considera plano da Renamo, em coordenação com o Governo, para desmembrar a Junta Militar, que, na sua óptica, não é a solução ideal para o problema de Mariano Nhongo, apesar de que, neste momento, ele se encontra numa situação bastante fragilizada.

Na opinião de alguns analistas, o enfraquecimento de Mariano Nhongo, reforça o capital político de Filipe Nyusi, que foi, por exemplo, para a reunião do Comité Central da Frelimo, no passado fim-de-semana, "como o grande obreiro da desmilitarização, desmobilização e reintegração do braço armado da Renamo".

Incumprimento do acordo

Para o analista João Mosca, Mariano Nhongo luta por uma causa fundamental, que tem a ver com o incumprimento do entendimento alcançado entre o Presidente Filipe Nyusi e o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, relativo ao DDR, para além do contencioso que tem com Ossufo Momade, pelo que se deve optar pela via negocial para se resolver a situação dos ataques armados nas províncias centrais de Sofala e Manica, "porque, dificilmente, Nhongo vai aderir a este processo".

Por seu turno, o analista Adriano Nuvunga, considera que Nhongo está bastante fragilizado poitica e militarmente, com a deserção dos seus principais colaboradores directos, como são os casos de André Matsangaice júnior e João Machava, mas sublinha que o Governo não deve lavar as mãos e pensar que esta é uma questão que diz respeito apenas à Renamo.

"As Nações Unidas, através do enviado pessoal do Secretário-Geral, António Guterres, tentaram uma aproximação entre Mariano Nhongo e o Governo, mas o chefe da Junta Militar manifestou-se indisponível. Se Nhongo está numa situação de irrelevância, sem peso político nem militar, é por culpa própria, porque nessa aproximação ele poderia ter obtido algum benefício", asseverou o analista Inácio Alberto.

Nhongo fragilizado

Relatos dão conta de que a Junta Militar, uma dissidência da Renamo, está a enfrentar uma série de deserções, que acabam fragilizando militarmente Mariano Nhongo, que, supostamente, neste momento, conta com um pequeno grupo de seguidores.

Faz já algum tempo que não são reportados ataques armados de grandes proporções levados a cabo pela junta Militar nas províncias de Sofala e Manica, mas apenas algumas incursões em alguns povoados à procura de bens de sobrevivência.

O analista Tomás Rondinho diz que se isso corresponder à verdade, Mariano Nhongo deve render-se. Acrescenta que, aparentemente, deve ser essa a razão porque Filipe Nyusi opta pela pressão militar e não pela via da negociação.

Entretanto, o analista Paulino Cossa, entende que a Renamo se deve envolver na negociação com a Junta Militar, anotando que o Partido de Ossufo Momade tem elementos fortes que pode utilizar para convencer Mariano Nhongo a agir dentro daquilo que é esperado, "porque a própria Renamo tem apoiado os esforços para o estabelecimento da paz na zona centro do país".

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