Fala África
- Danielle Stescki
Álbum "Raízes" de DJ Ritchelly promete ser uma ponte para unir várias gerações

DJ Ritchelly, que também é produtor musical e apresentador de rádio e televisão, lançou o seu primeiro álbum no dia 27 de Abril de 2022. O disco intitulado “Raízes” conta com 14 faixas musicais e 26 participações de artistas nacionais e internacionais.
Em entrevista ao “Fala África” o melhor DJ de Hip Hop por duas vezes consecutivas no Angola Hip Hop Awards de 2015 e 2016 contou que a inspiração para o álbum veio principalmente de sonoridades e de um trabalho que fez no ano de 2015 com os artistas Duc & Niiko. “Fizemos sucesso com aquela faixa e durante todo o processo desse álbum eu trabalhei para trazer aquela essência”.
Quem ouvir “Raízes” vai identificar vários estilos musicais com ritmos e samples africanos como Rap, R&B, Trap Soul, Trap, Afro Beat, Drill e Alternativo. Dos 26 artistas que participaram das gravações, 22 são angolanos. Jackes Di ficou com a responsabilidade da primeira faixa musical, a qual também dá nome ao álbum. Para diversificar ainda mais o disco, o mentor do Project Twoli Cypher, convidou Jay Arghh (Moçambique), Missy Bity (Guiné-Bissau), Macaia (Portugal), e Tino OG (Guiné-Bissau) para fazer parte de “Raízes”.
DJ Ritchelly explicou que a produção do álbum foi cuidadosa e pensada em todos os detalhes. Foi um trabalho que demorou bastante tempo também porque os artistas tinham que compreender a visão que ele tinha e deixarem-se moldar pelo produtor musical. DJ Richelly escolheu as músicas a dedo e no total foram gravadas 18, mas 14 foram escolhidas para fazer parte de “Raízes”.
“A ideia (a inspiração) é tirar de uma geração, para outra e para outra... Eu quero que meus irmãos conheçam certas músicas: a ideia é torná-las atemporais. Também quero que conheçam mais artistas e que vejam que há uma ligação da minha para a próxima geração. Eu acredito que esse álbum será a ponte”.
DJ Ritchelly concluiu a entrevista revelando que há muitas músicas que tocam no rádio em Angola porque ele teve o trabalho de retirar as palavras que não são consideradas próprias para todas as idades. Ele explicou que os artistas angolanos ainda não têm o cuidado de fazer duas versões de músicas: uma com liberdade de expressão e uma que possa ser tocada na rádio.
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- Danielle Stescki
Fala África: Jay Brito Querido na busca da excelência no ensino superior em Cabo Verde
- Danielle Stescki
Fala África: Jay Brito Querido discute o caminho para o progresso científico em Cabo Verde

"Cabo Verde tem de criar, à semelhança de outros países como a Índia, a Coreia do Sul, uma rede da diáspora do conhecimento que pode fomentar o avanço científico no país através de colaborações e projetos conjuntos"
Num mundo cada vez mais conectado, a ciência e a educação desempenham papéis cruciais no desenvolvimento de nações.
No programa Fala África entrevistámos o Dr. Jay Brito Querido, professor assistente de bioquímica na Faculdade de Medicina e professor assistente de pesquisa no Instituto de Ciências da Vida da Universidade de Michigan, EUA.
Quais os desafios e oportunidades para a ciência e o ensino superior em Cabo Verde e em todo o continente africano? Como a pesquisa científica e a colaboração internacional têm moldado o futuro de Cabo Verde, inspirando inovação e progresso?
Segundo o Dr. Querido, Cabo Verde enfrenta o desafio de não apenas aumentar o número de instituições, mas também elevar a qualidade e o rigor do ensino superior.
“Cabo Verde é um dos países com maior taxa de fuga de cérebros”.
Uma das soluções sugeridas pelo professor para impulsionar o avanço científico e tecnológico em Cabo Verde e em outros países lusófonos é a colaboração com a diáspora cabo-verdiana, que inclui cientistas altamente qualificados que vivem nos Estados Unidos e em outros lugares do mundo.
“Hoje Cabo Verde tem de compreender que vivemos num mundo global e no mundo global cada vez mais conectado. Um cabo-verdiano que vive aqui por exemplo no Michigan ou em Boston não tem de estar em Cabo Verde para contribuir para o avanço do país. Cabo Verde tem de criar, à semelhança de outros países como a Índia, a Coreia do Sul, uma rede da diáspora do conhecimento que pode fomentar o avanço científico no país através de colaborações e projetos conjuntos”.
“Aquilo que nós temos assistido são colaborações pontuais entre pesquisadores, entre investigadores, mas não existe um plano estruturado para colaboração entre instituições do ensino superior em Cabo Verde e instituições de ensino superior aqui nos Estados Unidos, como por exemplo, as que existem em Portugal. Em Portugal existe o programa MIT Portugal e existem colaborações com universidade do Texas, Austin e Portugal, então são programas estruturados e isso tem faltado a Cabo Verde.”
O cientista acrescentou que “em Cabo Verde ainda não temos uma agência estruturada para o financiamento e regulação da investigação científica no país. Então ainda estamos numa fase muito incipiente e que temos de dar os primeiros passos até pensar em internacionalização da investigação científica que se faz no país”.
“Eu venho de uma de uma família humilde, então eu sei as dificuldades que os jovens da preferia da Cidade da Praia sentem para dar o próximo passo. Uma das dificuldades, é a falta de autoestima. Falta alguém que lhes diga que é possível”, explicando a importância da sua participação na criação do projeto "Professor por 1 Dia" no Agrupamento 8 do Centro Educativo Achada Grande, na cidade da Praia, Cabo Verde.
“Hoje essa escola tem sido um exemplo daquilo que é a transformação que uma escola pode introduzir numa comunidade. Estou muito orgulhoso pelo pequeníssimo contributo que eu dei para esse processo.”
- Danielle Stescki
Fala África: Ckarina Miller é uma das vozes que abraça e empodera através da música
No Fala África VOA desta semana temos uma conversa franca e inspiradora com a cantora e compositora moçambicana Ckarina Miller, mergulhamos fundo em sua rica musicalidade, que atravessa géneros como R&B, Hip Hop, Zouk e Afro.
- Danielle Stescki
Fala África: Música, empoderamento e o lançamento de “Potestade” com Ckarina Miller
- Danielle Stescki
Fala África: Música, empoderamento e o lançamento de “Potestade” com Ckarina Miller

Já se questionou como a música pode ser uma poderosa ferramenta de capacitação e sensibilização? Nesta edição do Fala África VOA, abordamos esta questão numa conversa franca e inspiradora com a talentosa cantora e compositora moçambicana, Ckarina Miller.
A artista compartilhou detalhes sobre sua carreira musical, seu novo EP "Potestade", suas inspirações e sua luta contra a violência doméstica. Com uma carreira que abraça diversos géneros musicais, Ckarina Miller tem se destacado como uma voz influente na cena musical de Moçambique.
Na semana que vem, 23 de novembro, ela lançará seu novo EP, "Potestade", terceiro da carreira musical. O EP contará com sete faixas musicais e irá buscar fortalecer os laços femininos e transmitir mensagens poderosas sobre sororidade, liberdade de expressão e igualdade de género. "Potestade", uma palavra que remete a poder e autoridade, é escolhida como título para refletir sobre a força interior, personalidade e potência que todas as pessoas possuem.
“Acredito que olhando ou lembrando de onde viemos podemos tomar melhores decisões nas nossas vidas, por isso trago “Potestade.”
Música como veículo de consciencialização contra a violência doméstica
Uma das faixas do EP “Soberana”, lançado em 2022, intitulada "Mamã", aborda a questão da violência doméstica. Miller compartilhou sua motivação para compor essa música, revelando que sua experiência pessoal a levou a querer transmitir uma mensagem de empoderamento para as mulheres. A artista destacou a importância das mulheres usarem a sua voz e se defenderem contra a violência física e verbal, enfatizando que essa realidade não deve mais ser tolerada.
“Eu tento fazer o que é possível para espalhar a mensagem. Ainda não estou muito ligada às empresas ou organizações que ajudam esse tipo de pessoas, mas eu gostaria de estar. A música foi uma das formas que me acolheu muito bem. Os ouvintes têm me acolhido muito bem, principalmente nessa música porque sabem que é uma verdade. É uma realidade aqui em Moçambique.”
De acordo com as autoridades policiais moçambicanas mais de 11 mil queixas de casos de violência doméstica foram registadas no país apenas em 2023. Em Moçambique, a violência doméstica é crime e é punível por lei.
Uma jornada musical de superar desafios
Ckarina Miller iniciou sua carreira artística em 2016 e enfrentou diversos desafios, especialmente por parte de pessoas próximas. No entanto, ela encarou essas dificuldades como oportunidades para crescimento e aprendizado. Para ela, desafios fazem parte da vida e, muitas vezes, são uma novidade que, no final das contas, leva a um bem maior. Sua paixão pela música a manteve determinada a seguir seu caminho artístico, superando as adversidades.
A importância dos shows ao vivo na carreira
A artista enfatizou a importância dos shows ao vivo em sua carreira, destacando que sempre se viu como uma artista de palco. Ela mencionou o Festival Azgo, que participou este ano, como um momento marcante em sua carreira. O festival é o maior do país e proporcionou a Miller a oportunidade de se apresentar ao lado de artistas que ela admira. Ela ressaltou a interação com o público como um dos aspetos mais gratificantes de seus shows ao vivo, enfatizando que é essa conexão com a plateia que torna as apresentações memoráveis.
Planos para o futuro
Quando questionada sobre seus planos para 2024, Ckarina Miller revelou que planeja um ano mais tranquilo, focando em sua evolução pessoal e artística. Ela está trabalhando em um novo EP, que será lançado no primeiro semestre de 2024, e que abordará temas relacionados ao amor e à partilha de afeto. A cantora acredita que o amor é essencial, especialmente nos tempos difíceis que todos enfrentamos atualmente.
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