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2012: Somália enfrenta desafios de segurança depois de um ano histórico


Novo presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud (à direita) discursando durante a sua primeira visita ao estrangeiro - Etiópia em Novembro
Novo presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud (à direita) discursando durante a sua primeira visita ao estrangeiro - Etiópia em Novembro

Com nova constituição, novo parlamento, novo presidente e governo os somalis procuram fazer de tudo para estabilizar o país em relação as ameaças de segurança

Nos últimos 12 meses a Somália aprovou uma nova constituição, elegeu um novo parlamento, presidente e primeiro-ministro, abrindo caminho para o seu primeiro governo estável em cerca de 20 anos.

Em Agosto os membros do novo parlamento somali entraram em funções através de uma cerimónia de juramento realizada num parque de estacionamento no exterior do aeroporto de Mogadíscio.

A selecção dos 275 deputados foi um dos mais substanciais objectivos no final de oito anos de transição política e começo de uma nova era para um governo representativo.
Esse progresso político alimentou a confiança da comunidade internacional.

O Irão reabriu a sua embaixada na Somália este ano, o Reino Unido nomeou um embaixador e as Nações Unidas anunciaram que iam avançar com o reforçou do seu pessoal em Mogadíscio. As linhas aéreas turcas começaram os voos regulares para a capital somali em Maio enquanto Ankara lidera os encargos para reforçar os investimentos no país.

Abdirahman Aadle, membro do partido de Unidade em Mogasdício diz que este é um ano histórico.

“O governo cumpriu as missões mais difíceis durante esse período” diz ele. “Isso tem mudado muito a história da nossa nação.”

Como uma das primeiras acções, o novo parlamento elegeu o presidente Hassan Cheik Mohamud, um académico e líder cívico com poucos laços ao cessante e corrupto governo de transição.

Ele apontou desde logo um novo primeiro-ministro que por sua vez constituiu um governo que integra uma mulher como ministra dos negócios estrangeiros, a primeira na história do país.

Contudo, o governo não tem bem recebido no universo político em Mogadíscio. O analista político Ibrahim Adow disse que os novos actores na liderança do governo não estão preparados para o trabalho que lhes aguarda.

"Podemos dizer que 80 por cento deles não sabe o que é democracia – diz Adow, porque não é uma prática que as pessoas se têm habituado no país e a constituição em si foi criada com base democrática.

O analista político Ibrahim Adow adianta ainda que significa que pode ser problemático levar a cabo acções que requerem experiência política.

A segurança continua a ser o maior desafio para o novo governo. Poucos dias após a tomada de posse no novo presidente em Setembro, três bombas foram lançadas contra o hotel em Mogadíscio onde ele recebia em audiências uma delegação do Quénia.

A situação melhorou com a força da União Africana – AMISOM – apoiada pelo Quénia e Etiópia, a arrastar os militantes das al-Shabab para fora dos seus esconderijos em Mogadíscio e na região centro-sul da Somália.

Mas o analista somali, A bdiwahab Sheikh Abdisamed diz que as próprias forças armadas somalis continuam sendo uma instituição fraca e dividia por rivalidades internas e de clãs.

“Se hoje, Deus que me perdoe, a AMISOM vai-se embora abruptamente, a Somália poderá voltar ao clãnismo, com competições entre clãs, aos senhores de guerra. Portanto o actual pessoal militar, veio maioritariamente do clã Hawiye, das áreas em torno de Mogadíscio, e são eles leais ao governo? E esta é a questão que todo o mundo levanta.”

Um outro desafio para o novo governo é como administrar o território a ser recuperado da al-Shabab. O porto de Kismayo ao sul do país é uma das mais importantes vitórias do último ano.

Os clãs na zona estão a competir-se para o controlo da cidade e tentam estabelecer um novo estado na área a semelhança das regiões autónomas de Putland e Somaliland no norte. Trata-se de um desafio ao governo central que procura estabelecer uma forte presença fora da capital.

As dificuldades políticas para o controlo das regiões de Kismayo e de Jubaland alimentam as tensões entre Mogadíscio e outras regiões da Somália. Uma questão que poderá minar o progresso político obtido durante esse último ano.
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