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Nove em cada 10 mulheres sul-africanas vítimas de abusos


"A violência tem que parar", lê-se no chapéu desta mulher, participante numa campanha das Nações Unidas contra a violência dirigida às mulheres e raparigas (foto de arquivo)
"A violência tem que parar", lê-se no chapéu desta mulher, participante numa campanha das Nações Unidas contra a violência dirigida às mulheres e raparigas (foto de arquivo)

Setenta e um por cento têm experimentado abuso sexual, e cinco em cada sete crianças tem sido abusadas

Um relatório recentemente divulgado pelo governo sul-africano refere que a maioria das mulheres e crianças são vítimas de abusos.

Segundo relatório, nove em cada dez mulheres tem sido alvo de abuso.

Os especialistas consideram a situação deplorável e necessitando de constituir uma prioridade para o governo.

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Em 1956 as mulheres sul-africanas manifestaram-se em protesto pela marginalização e maus tratos sofridos sob o regime de segregação racial.

A situação das mulheres sul-africanas sofreu grande alteração desde então, mas numa área continuam a não ter igualdade e segurança: dentro de casa.

A violência doméstica constitui uma verdadeira epidemia na África do Sul. Noventa por cento das mulheres têm conhecido abuso emocional e físico, isto segundo dados agora divulgados pelo vice presidente Kgalema Motlanthe.

Setenta e um por cento têm experimentado abuso sexual, e cinco em cada sete crianças tem sido abusadas.

A assistente social Marihet Infantino tem estado na linha da frente desta batalha, tendo trabalhado durante dois anos num albergue na província de Gauteng.

Infantino recorda mesmo alguns casos que viveu, como o de Anne, mãe de duas raparigas jovens. Infantino indica que as três foram sexual e fisicamente abusadas pelo marido de Anne.

O marido tentou encontra-las e enviou ameaças através de um advogado.

“Fisicamente destruída, fisicamente abusada. Como este individuo foi capaz de a reduzir a nada? Esta mulher chorava sem parar”.

Anne acabou por deixar um casamento destruído – tornando-se num caso raro. Infantino sublinha avaliar que apenas duas em dez mulheres que se dirigem ao asilo acabam por deixar a situação de abuso.

Para Infantino a história de violência na África do Sul, a sociedade patriarcal, com uma pobreza abjecta, contribui para a prevalência do abuso.

“Muitas vezes os homens não admitem o seu comportamento. Muitos deles não consideram ter qualquer responsabilidade pelos abusos, não consideram existir mal nisso”.

A África do Sul ficou no décimo sexto lugar de uma sondagem que avalia o melhor e a pior país das nações do G 20 para as mulheres. A Índia ocupou o ultimo lugar da lista, devido às tendências para o infanticídio, o casamento de crianças e a escravatura.

A África do Sul possui uma constituição progressiva, com leis contra o abuso, mas os especialistas consideram que os documentos nem sempre se traduzem em acções.

Segundo a assistente social de um albergue em Joanesburgo o centro recebeu 115 mulheres nos últimos cinco meses, a maioria das quais casos de abuso. Esta assistente considera possível que as estatísticas do governo sejam muito baixas.

Infantino sublinha que o país necessita de mais centros, de mais agentes da polícia, de mais pessoal treinado nos hospitais e, acima de tudo, de melhor educação sobre o abuso.
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