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Menos jornalistas mortos e mais sequestrados


Relatório de Repórteres Sem Fronteiras analisa liberdade de imprensa em 2014

O número de jornalistas assassinados registou uma redução em 2014, mas aumentou o número de profissionais sequestrados face ao ano passado, revela um relatório publicado esta terça-feira, 16, pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Em 2014, foram assassinados 66 jornalistas, contra 71 no ano passado, mas o número de sequestrados aumentou de 87 para 119 casos. E, de acordo com o documento da RSF, há ainda 40 profissionais dos media que permanecem reféns em todo o mundo.

Segundo a organização, “os assassínios praticam-se com maior barbárie e os sequestros aumentam consideravelmente com o objectivo, por parte de quem os comete, de impedir que existe uma informação independente e de dissuadir os olhares indiscretos”.

Dois terços dos assassínios foram registados em zonas de conflito: na Síria — país que, à semelhança do ano passado, figura como o mais perigoso para os jornalistas, com 15 mortes — nos territórios palestinianos, sobretudo em Gaza (sete mortes), no leste da Ucrânia (seis), no Iraque e na Líbia (ambos com quatro).

A RSF sinaliza menos assassínios de jornalistas em países “em paz” como a Índia e as Filipinas, mas constata, por outro lado, que as mortes de mulheres duplicaram para seis em 2014.

Já o número de sequestros, ao contrário dos assassínios, disparou 37%, de acordo com a organização defensora da liberdade de imprensa, com sede em Paris.

“Os sequestros foram particularmente numerosos na zona do Médio Oriente e no norte de África. Este ano foram sequestrados 29 jornalistas na Líbia e 37 na Síria. No Iraque o número ascendeu a 20. Esta tendência explica-se sobretudo com a ofensiva do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na região”, refere a RSF.

O número de jornalistas presos em todo o mundo manteve-se em 178, com a China a encabeçar a lista (17% do total), em que também constam o Egipto, Eritreia, Irão, Síria, Vietname e Arábia Saudita.

As detenções de jornalistas, enquanto isso, registraram em 2014 um aumento de 3%, para chegar aos 853 repórteres detidos.

"Evidentemente, os interrogatórios e detenções são ataques à liberdade de expressão cuja gravidade não pode se comparar à dos assassinatos ou sequestros prolongados. No entanto, constituem obstáculos para seu trabalho e, em algumas ocasiões, intimidações violentas", explicou a RSF.

O relatório da RSF indica ainda que, em 2014, houve 139 jornalistas que tiveram que exilar-se, ou seja, o dobro face ao ano passado.

Por fim, a RSF constatou uma queda de 15% nas ameaças e agressões a jornalistas, que deixa o dado em 1.846 ataques no conjunto do ano e países como a Venezuela, Turquia, Ucrânia e China entre os menos seguros para os profissionais dos meios de comunicação.

Na Venezuela, aponta a RSF, 62% das 134 agressões cometidas contra jornalistas durante as manifestações do começo de ano foram cometidas pela guarda nacional bolivariana.

Além disso, a ONG cita o departamento colombiano de Antioquia entre as cinco zonas mais perigosas do mundo para informar, "um exercício de alto risco para aqueles que investigam a corrupção e o crime organizado".

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