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Polícia de Luanda responsabiliza manifestantes pelos desacatos do fim-se-semana (C/FOTOS)


Alguns manifestantes transportavam cartazes
Alguns manifestantes transportavam cartazes

Autoridades não explicam agressões a jornalistas nem tentativas de furto de material de trabalho destes.

Organizadore continuam detidos

Uma calma tensa regressou à capital angolana, depois da manifestação anti-governamental de sábado, que foi reprimida por forças policiais.

De acordo com um comunicado policial, sete pessoas - quatro polícias e três civis - ficaram feridas nos incidentes que rodearam a manifestação. O jornalista da Voz da América presente no local disse não ter visto qualquer ferido entre as forças da ordem, e contou dois entre os manifestantes.

Segundo o comunicado, os incidentes tiveram início quando os manifestantes sairam do local para onde estava marcada a acção de protesto. De acordo com um porta-voz policial, "o espaço protegido para o referido acto", era o Largo Primeiro de Maio).

Manifestantes em debandada perante a violência policial
Manifestantes em debandada perante a violência policial

"Contrariando as orientações da Polícia, e de forma anárquica, alguns indivíduos, de forma anárquica, forçaram o cordão de segurança policial, proferindo ofensas verbais contra cidadãos pacatos que circulavam nas redondezas e aos efectivos da Polícia Nacional, alegando que se pretendiam dirigir ao Palácio, gerando um clima de violência entre os transeuntes e os manifestantes, que culminou no arremesso de objectos contundentes, causa dos ferimentos" - lê-se no comunicado da polícia.

A polícia manteve inicialmente a sua compostura, mas acabou por intervir em força, fardada e à paisana
A polícia manteve inicialmente a sua compostura, mas acabou por intervir em força, fardada e à paisana

As autoridades afirmam os incidentes "obrigaram a Polícia a deter 24 cidadãos, para que os órgãos competentes façam justiça. Outrossim, a Polícia Nacional lamenta a ocorrência deste facto e apela os manifestantes a colaborarem com a Polícia Nacional para que a ordem e tranquilidade públicas sejam mantidas".

O comununicado é omisso quando às agressões a jornalistas, nomeadamente da RTP e da Voz da América. Os líderes da iniciativa continuam detidos, sem contacto com os seus advogados até domingo à tarde, e deviam ser presentes em tribunal, esta segunda-feira.

Manifestantes, observados de perto pela polícia
Manifestantes, observados de perto pela polícia

A situação apresentava-se calma, domingo, na Praça da Independência apesar de rumores que davam conta de novas concentrações populares, sobretudo dos mesmos manifestantes que se retiraram ontem pouco antes das zero horas e que tiveram de pernoitar junto ao edifício da CEAST, na igreja católica no S. Paulo.

Alemão Francisco foi um dos manifestantes. Encontramo-lo na manhã de domingo, a cerca de 50 metros da praça. Contou-nos que fazia parte de um grupo de 11 pessoas que a polícia perseguiu com cães, quando se retiravam ontem do local. A perseguição foi até ao portão da CEAST. Adiantou ainda que tiveram de dispersar em busca doutros locais mas previam concentrar-se novamente.

A polícia montou cordões humanos para evitar a marcha dos manifestantes anti-governamentais
A polícia montou cordões humanos para evitar a marcha dos manifestantes anti-governamentais

De acordo com a fonte que estamos a citar, muitos dos companheiros terão sido atacados pelos cães. Não precisou, contudo, com que gravidade e se terão sido assistidos nalguma unidade hospitalar aqui em Luanda.Durante a conversa que mantivemos, foi possível constatar que Alemão comunicava ao telefone com os restantes companheiros algures pelo perímetro da praça da Independência.

Tudo que conseguimos apurar junto de fontes policiais nas esquadras por onde passamos, que diziam desconhecer o paradeiro, os detidos vão ser presentes em Tribunal nesta segunda-feira. Não se sabe sob que acusação dado que nem os advogados conseguiram contactá-los.

A VOA testemunhou ontem na rua Joaquim Kapango, junto a igreja da Sagrada Família, a detenção de 4 dos responsáveis da organização da manifestação, que saiu da praça da Independência em direcção ao palácio presidencial, em meio a uma organizada agressão de jornalistas, protagonizada por agentes afectos à polícia, trajados à civil.

Meios e haveres eram o principal alvo dos carrascos. O objectivo era apreender qualquer material reportado a fotos, câmaras e telefones.

Tudo terá ficado mais ou menos claro, com a agressão do jornalista António Cascais da Voz da Alemanha. O profissional foi atacado por indivíduos à civil, quando regressava do local onde decorria a manifestação, quase à porta do hotel onde se encontra hospedado.
Levaram telefones e câmara.

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