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Crise económica agrava fome no sul de Angola


A situação é especialmente grave na zona dos Gambos na província da Huíla

A situação de crise financeira enfrentada por Angola nos últimos meses está a agravar os problemas da fome e da seca no interior, sobretudo, na parte sul do país.

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A propósito da crise económica e financeira experimentada por Angola, o economista Alves da Rocha refere que o país vive um desequilíbrio das receitas para o Orçamento Geral do Estado, onde são notáveis as consequências resultantes da falta de fontes alternativas para responder os actuais desafios, cuja baixa do preço do petróleo no mercado internacional é a principal causa.

O também Director do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola advoga que a ausência de fontes alternativas imediatas rememte o país para uma situação «séria de crise» que vai pedir à maioria da população grandes sacrifícios.

«Como sempre em todas as crises e em todos os países é no elo mais fraco onde as coisas quebram. Estou a referir-me que os grandes sacríficos serão pedidos a maioria da população», frisou.

Os sacrifícios já começaram a ser feitos pelos agricultores da zona dos Gambos, no interior da província da Huíla, conforme reportou o Padre Pio Wakussanga, da Associação Construindo Comunidades.

O sacerdote apontou a emigração dos jovens do Kuvale, Hakavona, Mhambue e Mwila para Luanda, e outras partes do território angolano, a procura de melhores condições de vida, mas o sonho nem sempre é realizado.

Com a instauração da desaceleração da economia, o padre Pio Wakussanga reporta que a problemática da fome persiste na província da Huíla e não reduziu, o que obrigou muitas pessoas recorrer aos frutos silvestres para sua alimentação, em consequência da falta de apoio das autoridades.

As comunidades mais afectadas, segundo o Coordenador da Associação Construindo Comunidades são o Kuvali e Hakavona, do grupo etnolinguístico Herero. «Com a fome vem a desnutrição, vem a subalimentação, vem outros probelmas que ela cria, vem as tensões entre grupos...A fome está a atingir idosos», afirmou.

Vários são os projectos criados pelas autoridades a fim de promover o combate à fome e a pobreza, porém alguns não alcançam o sucesso desejado.

Yuri Chipuio é Director Nacional de Apoio ao Combate á Pobreza do Ministério do Comércio e falou sobre estes projectos que inclui a constituição de lojas e a oferta de kits diversos às populações mais necessitadas do interior.

Em face desta situação económica, o docente universitário Josué Chilundulu defende que seja necessário sair do discurso à prática. Chilundulu advoga a exploração das terras férteis em Angola para além dos recursos marítimos e minérios que na sua visão podem catapultar o país para a melhoria da qualidade de vida.

A aposta num ambiente de negócio que garanta a diversificação da produção nacional é uma das melhores saídas para a situação socio-económica precária que o país experimenta. A este respito, com olhar fixado na necessidade de fomentar o desenvolvimento do tecido social e humano, Josué Chilundulu defende a melhoria dos indicadores sociais.

Para o académico «é muito triste vermos os angolanos a sofrerem com pobreza quando temos capacidade no país para melhorar isto (a situação)».

A solução para crise é «encontrar-se o modelo alternativo de desenvolvimento da nossa economia para além do petróleo», quem assim defende é o economista Alves da Rocha, cuja ideia é partilhada por Josué Chilundulu ao defender que «o país precisa tirar maior partido das suas vantagens económicas».

«Nós temos o Caminho de Ferro de Benguela que dá acesso a zona do Congo Democrático e a uma parte da Zâmbia que não tem mar», disse o docente acrescentando que o país precisa de igual forma “tirar proveito das vantagens dos seus vizinhos”.

A aposta na agricultura familiar, a criação de um banco de dados, a introdução de outras culturas agrícolas são algumas das alternativas recomendadas pelo Coordenador da Associação Construindo Comunidades. «Os apoios chegam atrasados, as sementes que o governo dá chegam atrasadas, não há um banco que diz que nós precisamos de X toneladas de alimentos para dar a X pessoas, de X toneladas de sementes e de que tipo de sementes», lamentou.

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