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"Cabo Verde tem de rever a sua estratégia política e económica", diz Corsino Tolentino


Corsino Tolentino
Corsino Tolentino

Diplomata e investigador cabo-verdiano recebeu o prémio de carreira "Liderança 2015" da Universidade de Minesota, nos EUA.

O diplomata e investigador cabo-verdiano Corsino Tolentino recebeu nesta quarta-feira, 11, em Mineápolis, nos Estados Unidos, o prémio de carreira internacional Liderança 2015 da Universidade de Minnesota.

Na sua intervenção, o antigo ministro e embaixador destacou as “quatro décadas de sucesso” de Cabo Verde, mas realçou que ainda enfrenta fraquezas e muitos desafios.

Como antigo estudante do Centro de Humphrey da Escola de Assuntos Públicos da Universidade de Minesota há 22 anos, Corsino Tolentino foi galardoado também “pelo seu compromisso contínuo com a promoção da participação cívica, educação e capacitação no seu país e na África Ocidental”.

Corsino Tolentino recebe prémio Liderança 2015
Corsino Tolentino recebe prémio Liderança 2015

No seu discurso Corsino Tolentino, realçou o percurso de Cabo Verde nesses 40 anos porque, como reiterou, “mais importante do que qualquer um dos seus filhos”, é importante falar na Nação.

“A minha vida adulta começou com a do meu povo a lutar pela sua independência nacional e foram essas circunstâncias especiais e originais que, provavelmente, levaram-me a estar aqui hoje, de pé, a receber este prémio”.

Tolentino destacou que “numa análise que discorra pela política, economia, saúde, educação, cultura, religião, ciência e tecnologia, de facto, o balanço dos 40 anos de experiência a nível nacional é extremamente positivo”.

Esta análise “ainda não foi contestada”.

Entretanto, aquele antigo governante apontou algumas deficiências de democracia, como sendo a falta de análises sistemáticas próprias, “medo de dizer a verdade com os partidos políticos a contribuírem para a cultura dessa postura e a inexistência de um modelo de organização política que dê voz a todo o território de forma igual”.

Ainda no capítulo das debilidades, Corsino Tolentino advertiu para a necessidade de não se bitolar a governança e a corrupção pelos piores países e chamou a atenção para o facto de em Cabo Verde “estarmos deslumbrados com a democracia formal (sic) negligenciando trabalhar em melhorias”.

No entanto, 25 por cento dos cabo-verdianos vivem na pobreza e há um longo caminho por percorrer nos sectores da educação, saúde e segurança social, segundo o laureado.

“É claro que também precisamos de uma melhor gestão das expectativas, esperanças e inovações (...) e é indiscutível que a democracia é a base, mas ela precisa ser reforçada pela prestação de contas”, defendeu Corino Tolentino, para quem “o sector cultural necessita de uma gestão mais rigorosa, a fim de ganhar maior credibilidade e eficácia”.

A crioulização “é um património que devemos alimentar”, continuou aquele investigador, para quem este prémio pode representar “o fortalecimento de um virtuoso triângulo composto integrado pelo sector público, sector privado e a academia”.

Ao terminar o seu discurso de aceitação do prémio de carreira, Corsino Tolentino interrogou-se sobre como se podia acelerar o desenvolvimento se “os partidos políticos decidissem dizer só a verdade aos eleitores” ou se, “em vez de se repetirem cimeiras, se gastasse o dinheiro público em avaliar os seus resultados”.

O homem que liderou, do lado do então Governo do PAICV, as negociações com os partidos políticos emergentes durante a transição para a democracia em 1990, defendeu uma revisão da estratégia política e económica de Cabo Verde a médio e a longo prazer assente no fim da ambiguidade entre a integração regional e a globalização, a inclusão efectiva dos migrantes, patriotismo, coragem e maior cooperação entre os cidadãos e os partidos políticos”.

Do lado da Universidade de Minesota, o elogio partiu do Prof. Bryan Atwood e antigo presidente da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

À margem da cerimónia de hoje, Corsino Tolentino tem participado em debates e conferências sobre África e a língua portuguesa no mundo.

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