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Brasil: Mulheres vão decidir eleições


São 74,4 milhões de eleitoras contra 68,2 milhões de eleitores.

No Brasil, o voto feminino vai pesar como nunca nas eleições de 5 de Outubro. De facto, as eleitoras superam os eleitores masculinos do país em seis milhões de pessoas.

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Uma análise do Instituto Patrícia Galvão mostra que o eleitorado feminino brasileiro, que já é maioria desde o ano de 2000, adquiriu peso inédito este ano. São 74,4 milhões de votantes mulheres diante de 68,2 milhões de eleitores masculinos.

Além de números, o Instituto analisou ainda comportamentos das eleitoras brasileiras, apontando que as mulheres continuando sendo as que mais demoram para decidir o voto no país e demonstram ser mais exigentes na escolha dos candidatos. A directora Executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, afirma, ainda, que já foi derrubada no país uma antiga crença de que mulher não vota em mulher no Brasil.

"As mulheres votaram em 2010 maioritariamente nas mulheres. As mulheres votam em mulheres e têm uma percepção mais exigente, querem que as candidatas tenham propostas, tenham o que dizer. Elas não votam só porque são mulheres, votam porque é mulher, mas que tem o que dizer e tem proposta", afirma.

Jacira Melo lembra que, apesar de ficar claro que o país está nas mãos femininas, as campanhas eleitorais não dão a devida atenção as mulheres na corrida pelo voto. "Grande parte do futuro do Brasil está nas mãos das mulheres e os candidatos e candidatas precisam estar mais atentos com a forma da construção do voto feminino. As campanhas, infelizmente, até hoje, não têm dialogado com as mulheres. As duas candidatas mulheres, Dilma e Marina não têm feito uma campanha de identificação com as mulheres, sua vida real e concreta, com as demandas das mulheres. Isso vai ter que mudar porque são as mulheres que decidem as eleições no Brasil," adverte.

Para Jacira, a explicação está nos bastidores de quem organiza as campanhas, a maioria homens. "As candidatas ficam muito à mercê desse universo, dessa mentalidade ainda muito masculina. Eu vou dizer honestamente, me parece que é um atraso de visão de campanhas políticas e diálogos com a população".

A directora do Instituto Patrícia Galvão avalia que neste ano histórico de grande número de voto feminino, um segundo turno 100% feminino transformaria essas eleições em um marco na história da luta pela igualdade de género. "Esses ambientes, simbolicamente, eles têm um reflexo muito forte na sociedade, isto é "nós mulheres, nós podemos". É o reflexo mais forte ainda sobre as novas gerações. É um fato simbólico extraordinário e político extraordinário. Eu acho que chacoalha um país como o nosso que é muito machista," conclui Jacira Melo.

De acordo com as últimas pesquisas, a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), lidera com cerca de 40% das intenções de votos no primeiro turno. O segundo lugar é disputado por Marina Silva (PSB), que aparece nas sondagens com números em torno de 25%, e por Aécio Neves (PSDB) que acumula algo em torno de 20% das intenções.

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