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Zimbabué tenta "lavar" imagem dos diamantes de Marange


Até agora o nome de Marange tem estado associado a alegações de corrupção e de violações dos direitos humanos

Há oito anos atrás a promessa de desenvolvimento económico do Zimbabué parecia prestes a realizar-se com a descoberta dos campos diamantíferos de Marange.

Contudo a corrupção e violações dos direitos humanos suscitaram o embargo internacional à venda daqueles diamantes em 2008.
Agora com o levantamento das sanções o governo de Harare está a tentar mudar a imagem de Marange.

Os campos diamantíferos zimbabueanos constituem a maior descoberta de diamantes dos últimos tempos e têm o potencial para impulsionar a debilitada economia nacional.
No entanto até agora o nome de Marange tem estado associado a alegações de corrupção e de violações dos direitos humanos levadas a cabo pelo exército.

Ultimamente, organizações de defesa dos direitos humanos advertiram para a possibilidade dos rendimentos dos diamantes estarem a ser desviados para o fundo de reeleição do presidente Mugabe gerido pelo seu partido, ZANU-PF.

Recentemente o governo zimbabueano decidiu patrocinar uma visita a Marange de activistas dos direitos humanos para tentar demonstrar que já pararam as violações.

Shamiso Mtisi é o coordenador local do Processo de Kimberley, o sistema internacional criado para travar a exportação dos denominados “diamantes de sangue” de zonas em conflito. Mtisi foi um dos convidados :“ Infelizmente não nos encontramos propriamente com a comunidade. Encontramo-nos com alguns representantes da comunidade. Queríamos falar com as pessoas comuns em Marange. Desse modo não podemos aprofundar a análise das violações dos direitos humanos”, disse ele.

Mtisi referiu por outro lado o facto de milhares de famílias terem sido desalojadas pelas operações mineiras. Tanto o governo como as companhias mineiras prometeram realojá-los mas as promessas continuam por cumprir.

No local a reportagem da VOA encontrou um garimpeiro por conta própria de 26 anos de idade de nome Richard, que nos afirmou que o governo devia deixar o zimbabueano comum proceder ao garimpo lado a lado com as grandes companhias.

Segundo Richard os soldados e a polícia agrediram-no várias vezes mas isso não o desencoraja de continuar a lutar pela vida: “ É aqui que está a minha vida. Aqui na cidade não há emprego. E´ uma questão de vida ou de morte. Só posso subsistir garimpando diamantes.”

De acordo com as Nações Unidas a taxa de desemprego no Zimbabué é superior a 80%. Muitos pensavam que, com a descoberta dos diamantes há 8 anos atrás, a vida ia melhorar. Contudo a situação continua precária embora a economia tenha melhorado ligeiramente.

Segundo Shamiso Mtisi, a situação poderia melhorar substancialmente se houvesse transparência na indústria diamantífera zimbabueana: “Acho que todos os zimbabueanos pretendem ver os diamantes de Maranje beneficiarem o país”, disse-nos aquele activista.

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