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Angola debate heróis


Também são herois nacionais?
Também são herois nacionais?

Reconcliação ainda não chegou às figuras históricas da oposição que esta reclama como heróis

Quem é herói nacional? Esta é uma questão que é particularmente divisiva em países saídos de uma guerra civil como Angola.

Se para alguns Jonas Savimbi e Holden Roberto têm os seus lugares na história de Angola e merecem um monumento histórico outros continuam a considera-los como traidores e claro está vice versa.

Mas é um debate que se alastra também a uma história mais distante.


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O historiador e político da UNITA, maior partido da oposição em Angola, Almerindo Jaka Jamba, recorda nomes como o Rei Madume Yandemofayo, Mutu Ya Kevela, o Rei Muhuna, rei dos Gambos, para ilustrar a dimensão da heroicidade de algumas figuras cuja consideração é incontornável e a história não pode apagar.

O antigo diplomata diz que a escolha dos heróis da pátria ainda está revestida de complexidades políticas.

Em Angola são inúmeras as pessoas que lutaram e derramaram seu sangue para libertação do país do jugo colonial daí que se defenda a celebração de um novo dia dos heróis nacionais, ao contrário do que acontece actualmente.

O 17 de Setembro considerado como o dia do Herói Nacional, celebrado há quase três décadas, é o pomo da discórdia para muitos historiadores e antigos combatentes. Para uns a efeméride além de exclusivista está ligada a critérios meramente políticos e não científicos ou históricos ao valorizar apenas a figura de António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola e antigo líder do MPLA, partido do governo desde 1975.

O “pai da nação angolana” é a única figura cujo dia, enquanto herói da nação, é comemorado até a presente data.

Patrício Batchikama é antropólogo e historiador defende a realização de um trabalho aturado sobre os heróis da pátria. O académico diz que falta no país uma melhor compreensão sobre o conceito de herói nacional

O Nacionalista Ngola Kabango, que ao lado de Álvaro Holden Roberto líder fundador da FNLA_Frente Nacional de Libertação de Angola_participou na luta de libertação do país e tem um ponto de vista diferente.

Para ele, Jonas Savimbe e Holden Roberto têm os seus lugares na história de Angola como assinantes do acordo de Álvor ”merecem um monumento histórico em honra à sua memória” ao lado de Agostinho Neto.

Para o político Agostinho Neto, Jonas Savimbe e Holden Roberto são figuras inseparáveis e incontornáveis da história do país, por isso devem ser proclamados oficialmente como heróis nacionais.

Ngola Kabango pensa por outro lado que este gesto seria o cimento para a reconciliação nacional.

O Antropólogo Patrício Batchikama defende a realização de um trabalho despartidarizado com critérios claros e científicos sobre quem pode ou não ser considerado como herói nacional.

O investigador aplaude a recente iniciativa do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, em homenagear alguns heróis da pátria angolana.

Almeridno Jaka Jamba explica que é preciso relatar a história com verdade tal como os factos ocorreram. Neste sentido, recorda que três movimentos de libertação lutaram para independência de Angola nomeadamente FNLA, MPLA e UNITA.

Os seus líderes, Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbe foram os signatários dos acordos de Álvor que celebram a independência de Angola em 1975.

O ex-diplomata da UNITA sugere a criação de um Comité Científico para a elaboração da verdadeira história de Angola.

Para Jaka Jamba o espírito dos acordos de Álvor ainda continua a ser uma arca importante para construção da história de Angola e para a construção da reconciliação e unidade nacional.

Referindo-se ao MPLA, o historiador salienta não ser digno que se imponha a história de um partido político à todo um povo.

Para ele é preciso que se faça justiça à história de Angola através da celebração do dia dos heróis nacionais valorizando todos aqueles que derramaram seu sangue pela liberdade do território angolano.

Jaka Jamba pensa que não será um favor para os angolanos “estudar a contribuição de Jonas Savimbe para o processo histórico de Angola, tanto no quadro da luta de libertação nacional como da institucionalização da democracia no país”.

Para o também docente universitário “nenhum historiador honesto e responsável pode olvidar o contributo que a UNITA e sobretudo Jonas Savimbe tiveram na abertura para reconciliação nacional e reconstrução
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