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Bubo na Tchuto faz face a prisão perpétua


Bubo na tchuto
Bubo na tchuto

Operação envolveu meses de investigação em vários países

O ex-chefe da marinha de guerra da Guiné Bissau, José Américo Bubo na Tchuto faz face a uma pena máxima de prisão perpétua caso seja considerado culpado em tribunal americano de tráfico de cocaína para os Estados Unidos, disse o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Bubo na Tchuto foi capturado pelas autoridades americanas em águas internacionais na terça-feira (2 de Abril) juntamente com outros dois homens, Papis Djeme e Tchamy Yala, cuja nacionalidade não foi divulgada.

Os três compareceram em tribunal em Nova Iorque na sexta-feira (5 de Abril) onde o juiz marcou uma audiência formal para o próximo dia 15.

Os três foram acusados pelo Departamento de Justiça americano de “conspirarem para distribuir cinco quilos ou mais de cocaína, sabendo ou tendo a intenção de importar a cocaína para os Estados Unidos”. Ao abrigo da lei americana a pena máxima para este tipo de crime é prisão perpétua.

Mas de acordo com o Departamento de Justiça há quatro outros presos envolvidos no mesmo processo que fazem face a acusações mais graves.

Trata-se de Manuel Mamadi Mane e Saliu Sisse, cuja nacionalidade também não foi identificada e que foram detidos num país não identificado da África Ocidental e ainda Rafael Garavito-Garcia e Gustavo Perez-Garcia, ambos colombianos que deverão ser extraditados para os Estados Unidos onde deverão então ser formalmente indiciados. Mane e Sisse deverão comparecer perante um juiz já na terça-feira (9 de Abril).

Todos estes fazem face a uma acusação de narco-terrorismo, uma acusação de tráfico de cocaína, e uma acusação de conspiração para fornecer apoio material e recursos a uma organização terrorista internacional. Mane, Sisse e Garavito-Garcia fazem também face a uma acusação de “conspiração para fornecerem apoio material e recursos a uma organização terrorista estrangeira”.

Segundo o Departamento de Justiça americano no verão do ano passado, Mane, Sisso, Garavito Garcia e Perez Garcia contactaram “fontes confidenciais” da Agencia de Luta contra a Droga (DEA) que se fizeram passar por representantes ou membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Em reuniões na Guiné Bissau a partir de Junho do ano passado Mane, Sisse, Garavito-Garcia e Perez-Garcia concordaram em receber e armazenar vários carregamentos de cocaína da FARC na Guiné Bissau com a intenção de subsequentemente a transportar para os Estados Unidos e os lucros entregues à FARC.

Parte da cocaína seria usada para pagar a entidades governamentais da Guiné Bissau diz a acusação sem revelar nomes.

Nessas reuniões Mane, Sisse e Garavito-Garcia teriam concordado em comprar armas para a FARC incluindo misseis terra-ar através da sua importação para a Guiné Bissau sob pretexto de serem para as forças armadas guineenses.
A acusação detalha datas e pormenores de vários encontros em que isso foi discutido.

Um oficial das forças armadas da Guine Bissau não identificado disse a uma das fontes ou agente da DEA que a compra das armas seria efectuada logo que a FARC trouxesse fundos para a Guiné Bissau.

No que diz respeito a Bubo na Tchuto a acusação afirma que a partir do começo de 2012 o antigo chefe da armada guineense e ainda Djeme e Yala estiveram envolvidos em conversações que foram gravadas com agentes da DEA que se fizeram passar por traficantes de drogas.

Numa dessas reuniões Bubo na Tchuto teria afirmado que o governo se encontrava enfraquecido devido a um recente golpe de estado e que isso dava uma boa oportunidade para se efectuar o contrabando.

Bubo na Tchuto, Djeme e Yala concordaram em receber duas toneladas de cocaína que seria transportada para a Guiné Bissau por barco e colocada num armazém para ser depois exportada para a Europa e Estados Unidos.

Em Novembro do ano passado os três acusados discutiram importar uma tonelada de cocaína para os Estados Unidos através de uma companhia de Bubo na Tchuto.Este teria exigido o pagamento de um milhão de dólares por cada tonelada de cocaína a entrar na Guiné Bissau.

A operação que levou à prisão de todos os acusados envolveu agentes e organizações de combate ao crime em diversos países.

Pela parte americana a operação envolveu agentes da DEA, da Divisão Especial de Operações (SOD), da Unidades Bilateral de Investigações (BIU), do Grupo para o Narco Terrorismo (NTG) em colaboração com agentes da DEA estacionados em Lisboa (Portugal) e em Bogotá ( Colômbia).

O navio em que Bubo na Tchuto foi preso ao largo da costa da Guiné da Bissau estava “sob controlo da DEA” e dentro encontravam-se ainda agentes da NTG.

Desconhece-se como é que Bubo na Tchuto e os seus companheiros foram atraídos para o navio onde acabariam por ser presos.
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