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Angola: Moto táxis vieram para ficar


Vinte e um anos depois do seu aparecimento a actividade de moto táxi é exercida por centenas de cidadãos.

A actividade de moto táxi surgiu primeiramente na província de Benguela, em 1991 logo após a desmobilização das tropas angolanas, em cumprimento dos acordos de Bicesse.

Muitos dos Kupapata, termo oriundo da língua Umbundu falada na parte sul de Angola e que em português significa apalpar, adquiriram motorizadas com os subsídios que receberam para transporte de pessoas e de mercadorias de vários pontos geográficos da localidade em que se encontravam.

Desta forma os Kupapatas tornaram-se numa verdadeira concorrência aos taxistas de veículos automóveis.

Este tipo de transporte é mais frequentemente usado em zonas rurais, onde dificilmente chegam os “candongueiros”.

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Vinte e um anos depois do seu aparecimento, a actividade de moto táxi é exercida por centenas de cidadãos pelos mesmos motivos que estiveram na base da sua implementação em 1991 na província costeira de Benguela.

Numa ronda efectuada em alguns bairros distantes das zonas urbanas de Luanda onde a actividade é desenvolvida com maior frequência, a Voz da América em Luanda constatou que os Kupapatas exercem esta laboração com sacrifícios enormes que envolvem também grandes riscos tanto para os passageiros como para os condutores.
Os nossos entrevistados foram unânimes em apontar a falta de emprego e a necessidade de sustentar as suas famílias como algumas das causas da prática dos serviços de táxis com motorizadas.

Cada viagem custa cem kwanzas, o equivalente a um dólar americano. Em média por dia os Kupapatas conseguem facturar dois mil e quinhentos kwanzas.
Tanto os condutores como os passageiros reconhecem os riscos a que estão sujeitos quando estão em cima de uma motorizada, e pior ainda, quando as regras do código de estrada não são observadas.

Cacuaco e Viana são os municípios onde se pratica este tipo de actividade em grande escala. Em zonas como a Robaldina na estalagem, Comarca e Vila de Viana, no município com o mesmo nome localizado a leste de Luanda. Ainda no município de Cacuaco, situado a norte de capital angolana, os serviços são encontrados também na zona da Vidrul, no Bairro Waku e mercado do Kikolo.
Muitas das motorizadas usadas não estão legalizadas e os motociclistas não possuem carta de condução. A polícia tem estado a intervir constantemente, mas os Kupapatas reclamam a interpelação feita à margem da lei e apreensão ilegal de motorizadas, segundo contaram, em troca de valores monetários para sua soltura.

Para constatar in loco esta realidade o repórter da Voz da América em Luanda fez uma viagem com um Kupapata, da Avenida Deolinda Rodrigues, na zona da Estalagem, um dos maiores centros de concentração de moto taxistas em Luanda, até o interior do Bairro Novo, percorrendo uma distância de aproximadamente quinze quilómetros.

Em Angola os números de acidentes rodoviários que envolvem motoqueiros são assustadores em várias províncias do país.
Entretanto a instituição responsável pela regularização da actividade de moto táxi no país, a AMOTRANG, Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola diz-se preocupada com esta situação.

O presidente da direcção desta associação Bento Rafael, reconhece a não observação do código da estrada e principalmente do não uso do capacete pelos passageiros e condutores sobretudo na província de Luanda, onde promete trabalhar em articulação com a polícia nacional para o uso obrigatório deste meio de protecção dos utentes das motorizadas.

A Associação dos Motoqueiros Transportadores de Angola funciona desde 2005, mas poucos conhecem a sua existência, controlando mais de duzentos mil membros em todo o território angolano.

Bento Rafael fala dos projectos da associação para a elevação do nível de conhecimentos do código de estrada dos moto taxistas. O presidente da AMOTRANG apela o apoio da sociedade.
Bento Rafael critica ainda os partidos políticos que durante a campanha partidária usaram os moto taxistas para as suas passeatas de propaganda eleitoral.
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