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Diamantes financiam partido de Mugabe no Zimbabué


Diamantes "ilegais" à venda em Manica, cidade moçambicana perto da fronteira com o Zimbabué
Diamantes "ilegais" à venda em Manica, cidade moçambicana perto da fronteira com o Zimbabué

A Human Rights Watch manifesta-se preocupada com as receitas dos diamantes poderem financiar actos de violência antes da consulta eleitoral

A falta de transparência na venda de diamantes continua a ser um grande problema no Zimbabué e os activistas receiam que as receitas possam ser utilizadas para financiar a campanha do partido do presidente Robert Mugabe no sufrágio que deverá decorrer no próximo ano.

Em 2009 foi imposta uma proibição internacional à venda de diamantes do Zimbabué. A proibição resultou de alegações de que algumas minas eram controladas pelos militares e que as receitas eram desviadas para o partido do presidente Robert Mugabe, a ZANU-PF.

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O ano passado a decisão foi cancelada e a organização de fiscalização Kimberley Process deu luz verde ao Zimbabué para vender os diamantes no mercado internacional.

Mas Farai Maguwu, director do Centro para a Gestão dos Recursos Naturais na região leste do Zimbabué, considera existirem muitos problemas para resolver.

O mais importante, sustenta ele, é o desconhecimento dado às receitas da venda dos diamantes.

“A questão de transparência das receitas continua a não ser clarificada. Penso até que as condições pioraram ainda mais. Temos o ministro das Finanças a afirmar que não entram no ministério a maioria das receitas dos diamantes, o que significa que indivíduos e outros grupos de pessoas estão a beneficiar dos diamantes”.

Em Julho, o ministro das Finanças Tendai Biti reduziu o orçamento do Zimbabué para 2012, indicando que as verbas das minas de diamantes não haviam reforçado o país.

A Corporação para o Desenvolvimento das Minas zimbabueanas indicou esperar receber este ano 150 milhões da venda dos diamantes, em vez dos 500 milhões que tinham sido previstos, ou seja uma redução de 75 por cento.

A baixa de lucros, segundo a mesma entidade, resulta das sanções internacionais, especialmente dos Estados Unidos.

Maguwu considera que os militares continuam a desempenhar um papel essencial na indústria de minas do Zimbabué, o que coloca questões sérias sobre a segurança nacional.

“Existe um número considerável de entidades da segurança envolvido nas minas de diamantes. Alguns deles estão nos conselhos de administração de empresas de diamantes e quando existem indivíduos a enriquecerem mais do que o Estado, trata-se de uma receita para a instabilidade política da nação”.

No final deste mês vai realizar-se em Victoria Falls, no Zimbabué, uma conferência sobre diamante.

Maguwu considera que deverá ser avaliada a decisão de fazer regressar o Zimbabué ao Processo de Kimberley, para analisar se a situação no país melhorou desde o levantamento da proibição.

O presidente Robert Mugabe apelou à realização de eleições para ocorrerem em Março próximo.

A directora da Human Rights Watch manifesta-se preocupada com as receitas dos diamantes possam financiar actos de violência antes da consulta eleitoral.
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