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2012: Retrospectiva do Brasil


Brasília - Capital do Brasil com a emblemática obra arquitectural de Oscar Niemeyer morto em Dezembro deste ano
Brasília - Capital do Brasil com a emblemática obra arquitectural de Oscar Niemeyer morto em Dezembro deste ano

Tragédias das chuvas, escândalo de corrupção, eleições municipais, aprovação de cotas para negros nas universidades estão entre os fatos marcantes

A retrospectiva no Brasil começa sempre pelo drama que deixa os brasileiros sobressaltados todo início de ano: as inundações que provocam dezenas de mortes e estragos no país. Em 2012, não foi diferente.

Já na primeira semana do ano, foram 30 mortes, 50 mil desabrigados e mais de 50 rodovias federais interditadas por causa de deslizamentos ou alagamentos.

O ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, rebateu as críticas de falta de ação dizendo que o Brasil tem feito o melhor que pode. “No Japão, no último tsunami, foram 20 mil mortos. Nos Estados Unidos, com o furacão Katrina, foram três mil. No Brasil, temos um número pequeno de vítimas. Estamos criando uma consciência da importância da prevenção”, afirmou.

Foi em Janeiro, ainda, que o Brasil se envolveu em uma polêmica internacional. O governo brasileiro decidiu limitar a entrada de haitianos no país e foi acusado de direcionar políticas a favor, apenas, de imigrantes qualificados de países ricos.

Logo no início de 2012, o Brasil voltou a ser apontado como país, entre outros da América Latina, que não tem um sistema carcerário digno. O relator especial das Nações Unidas contra a Tortura, o argentino Juan Ernesto Méndez, chamou de espantosa a situação das prisões no território brasileiro.

Na abertura do ano de 2012, movimento de afrodescendentes se mobilizaram no Brasil para tentar impedir manifestações racistas na Copa de 2014. O presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (CEDINE), no Rio de Janeiro, Paulo Roberto Santos, explicou que a preocupação não existe somente com relação às práticas racistas contra jogadores. “Hoje em dia as torcidas são muito violentas e no meio da torcida há sempre grupos minoritários provocadores. Então, não se só com jogadores. Com os jogadores temos um evento ou outro muito isolado,” explica.


No segundo mês do ano, movimentos sociais denunciaram os altos custos que a sociedade brasileira, sobretudo a mais pobre, está pagando para que o país sedie eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Foi denunciado que famílias têm sido removidas sem indenização ou aviso prévio para a realização de obras relacionadas, direta ou indiretamente, com os grandes eventos esportivos.
O mês de Abril no Brasil foi marcado pela visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, à Brasília. Entre outros assuntos, a secretária discutiu o aprofundamento de acordos comerciais Brasil - Estados Unidos, temas da agenda externa e a discussão sobre cooperação trilateral envolvendo o Brasil, os Estados Unidos e países da África.

“Uma visita que contribuiu para estabelecer uma nova narrativa, uma parceria entre os EUA e o Brasil para o século 21, centrada em interesses econômicos, comerciais, além de ciência, tecnologia, inovação e educação”, afirmou o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antônio Patriota.

Ainda em Abril, o Supremo Tribunal Federal aprovou cotas raciais em universidades brasileiras. O coordenador nacional de comunicação da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Alexandre Braga, comemorou a decisão considerada histórica. “Essa decisão do STF vem consolidar uma série de políticas que já estão acontecendo elo Brasil afora. Temos hoje cerca de 180 universidades brasileiras adotando algum tipo de instrumento para a inclusão social dos menos favorecidos. Entre eles estão, mulheres, negros, índios e estudantes pobres”.

Em Maio, o Brasil sediou o III Simpósio das Marinhas da CPLP que discutiu as principais ameaças à segurança dos mares da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O Assessor da Delegação da Marinha Brasileira para o encontro, Comandante Paiva, falou da preocupação, em termos de segurança marítima, com a fragilidade das marinhas de alguns membros da CPLP. “O problema principal não é com a Marinha do Brasil ou de Portugal. O problema é com as marinhas dos países no Golfo da Guiné ou próximos dele”.

Em Junho, mais de 90 chefes de Estado fecharam, no Rio de Janeiro, o texto final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O texto reafirmou o compromisso firmado há 20 anos na Eco 92, mas não trouxe avanços significativos na agenda do desenvolvimento sustentável e, por isso, foi muito criticado. Para a política e ambientalista, Maria Silva, o resultado do evento foi ‘‘uma demonstração de completo abandono da agenda do desenvolvimento sustentável e uma pá de cal na memória da Rio 92”, afirma.

Em Agosto, sete anos depois do maior escândalo de corrupção da história recente do Brasil, começou em Brasília, o julgamento dos envolvidos no mensalão, incluindo vários políticos da gestão do presidente Lula. O esquema, que envolveu muitos parlamentares, era para a compra de apoio político para os petistas no poder.

Neste mês também, o governo brasileiro lançou, em Maceió (AL), a primeira etapa do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. O ministro Gilberto Carvalho admitiu que o programa vai enfrentar no racismo um grande obstáculo para conseguir mudar a realidade de vulnerabilidade dos jovens. “Em todas as abordagens que formos fazer, culturais, na formação dos policiais, da sociedade, da juventude em forma particular, nós vamos abordar esse tema. Senão, não será possível alcançar esse objetivo de nos livrar dessa chaga que é no Brasil o preconceito e a discriminação racial.”

Em Outubro, os brasileiros foram as urnas e escolheram prefeitos e vereadores Como as pesquisas estavam indicando, o Partido dos Trabalhadores, PT, da presidente Dilma Rousseff, e o PSDB, que marca a oposição ao governo da petista, observaram nas eleições municipais uma pulverização de votos para outros partidos. Para analistas, a fragmentação partidária evidenciada nesse pleito deve influenciar a disputa, em 2014, pela presidência do país.


Em Novembro, o governo brasileiro Brasil confirmo ter concedido 1.680 vistos de permanência a angolanos que possuíam status de refugiados no Brasil. A decisão foi elogiada pelo ministro angolano, Georges Chikoti, durante passagem pelo Brasil agradeceu o gesto do Brasil de aceitar cidadãos de Angola como residentes e disse que vai discutir atitudes do tipo com outros países vizinhos. “É uma vertente que temos vindo a tratar com outros países vizinhos onde temos comunidades de angolanos. Esperamos encontrar soluções porque é vontade do governo de Angola receber de volta os que querem voltar, mas também trabalhar com vizinhos para que esses cidadãos possam permanecer onde estão”, declarou Chikoti.

O ano estava quando terminando, quando os brasileiros e parte do mundo tiveram que dar adeus ao arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Apontado como o maior arquiteto da história brasileira e um dos maiores e mais conhecidos do mundo, Niemeyer foi considerado um gênio e um revolucionário na atividade que exercia.
Após quatro meses e meio, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu no dia 17 de dezembro o julgamento do mensalão, um dos assuntos mais marcantes do Brasil neste 2012. Ao todo foram 53 sessões. 25, dos 38 réus do processo, foram condenados e tiveram definidas punições, incluindo pena de prisão.
Mas, apesar da finalização dos trabalhos do STF, ainda não foi em 2012 que os brasileiros puderam ver políticos corruptos irem para a cadeia. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deixou para depois da conclusão do processo, no ano que vem, o pedido de prisão para os condenados.

Mas, foi o último mês do ano que, pela primeira vez, os brasileiros viram o escândalo do mensalão encostar, de verdade, na figura do ex-presidente Lula, que sempre garantiu não saber nada sobre a corrupção que gerada dentro do coração do governo dele.

Os rumores de envolvimento do ex-presidente no mensalão ganharam força com o depoimento do pivô do escândalo, Marcus Valério. Ele apontou Lula como o homem que sabia de tudo.

Depois da denúncia, o Chefe do Ministério Público Federal (MPF), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que vai analisar o depoimento prestado pelo empresário Marcos Valério. No entanto, ficou para 2013 a confirmação dessa possível investigação de corrupção contra o ex-presidente do Brasil, popular no mundo inteiro.
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